Para Aristides Monteiro Neto, concorreram para os limites e
as tensões federativas elementos como a manutenção do horizonte de baixa
capacidade de investimento
dos governos estaduais, a despeito do período de bonança econômica na
segunda metade desta última década. Entre 2000 e 2005, a média anual do
gasto em investimento estadual foi de R$ 13,4 bilhões (correntes) em
todo o país; o qual veio a se expandir para a média anual de R$ 30,2
bilhões entre 2006 e 2011. Em proporção do Produto Interno Bruto (PIB)
nacional o acréscimo, entretanto, foi pouco expressivo: da média de
0,84% do PIB entre 2000-2005 para 0,93% do PIB entre 2006-2011.
Outro elemento a capacidade de endividamento dos estados
continua sendo uma restrição importante à capacidade de implementar
políticas públicas: a relação dívida consolidada líquida (DCL) e receita
corrente líquida (RCL) dos Estados passou de 1,7 para o conjunto dos
vinte e seis estados e o Distrito Federal em 2000, para 1,53 em 2005 e
para 1,04 em 2011. Na média nacional,
o endividamento estadual se iguala, ainda em 2011, ao montante das
receitas correntes, apontando para o elevado fardo de comprometimento de
receitas a que estão submetidos os governos estaduais em suas operações
cotidianas.
O estudo mostra que essa tensão tem aumentado com o movimento
secessionista em vários estados do país, que tem ganhado volume nos
últimos cinco anos, com discussões nos legislativos estaduais sobre a
necessidade e oportunidade
de divisão territorial e política. Conforme Aristides Monteiro Neto,
encontram--se latentes as proposições de divisão no Amazonas, com a
criação do estado do Rio Negro (três municípios), do Solimões (treze
municípios) e do Juruá (sete municípios); no Amapá, com a transformação
do município de Oiapoque (22 mil km2 de extensão) em território da
União; no Mato Grosso, com a criação do estado do Mato Grosso do Norte
(47 municípios) e do Araguaia (32 municípios); o Piauí daria território
para o estado do Gurgueia (87 municípios), correspondendo a 60% do
território atual ao sul do estado; o Maranhão seria dividido para a
criação do Maranhão do Sul (49 municípios); e a Bahia perderia
território para o estado do Rio São Francisco, ao noroeste do estado,
com 34 municípios.
Mais recentemente, em 2011, uma proposta concreta foi levada à
população para plebiscito: a proposta de divisão do estado do Pará para a
criação de dois novos estados: Tapajós, no oeste paraense, e Carajás,
no sul e sudeste do estado. Motivados pelas insatisfações crescentes das
populações com o atual estágio em que se encontra o nível de cobertura
do Estado brasileiro quanto à oferta de bens e serviços públicos. Outra
contribuição para tensões federativas são as discussões, sem consensos,
sobre a partilha dos royalties do pré-sal no Congresso Nacional gerando
dúvidas sobre a possibilidade de reconcentração da riqueza nacional nos
estados da região Sudeste, detentora dos, até o momento, maiores
estoques nacionais conhecidos de petróleo em alto mar.
Fonte PMN/Por EFRÉM RIBEIRO