Foto: Janaina Garcia / Terra |
Festa para alguns, transtorno e dor de cabeça para outros. A Copa do Mundo
transformou, ainda que por alguns dias, a rotina de moradores e
comerciantes que vivem no entorno do hotel onde está hospedada, desde a
noite passada, na Vila Mariana (zona sul de São Paulo), a Seleção Brasileira.
O Terra conversou com alguns desses
vizinhos que acabaram tendo a circulação restrita em função da presença
da equipe no bairro. As barreiras feitas pela Polícia Militar e pelo
Exército fecharam o quarteirão do hotel, colocaram barras de ferro
isolando casas e estabelecimentos comerciais e mudaram o tráfego na
região.
Entre os que pouco gostaram das mudanças no bairro estão
os comerciantes Reginaldo Uekita, 41 anos, e Márcia Shiraishi, 42 anos,
donos de um restaurante japonês ao lado do hotel. A reportagem só
conseguiu acesso a eles depois da saída da Seleção para o treino, na Arena Corinthians,
já que, antes do time deixar o hotel, o pouco espaço liberado para o
público em frente ao estabelecimento estava dominado por fãs.
“Não vejo a hora disso tudo acabar. E não é nada contra a
Seleção, não, mas contra a falta de respeito e de organização que esse
esquema acabou impondo a nós. Reclamei com um oficial do Exército e ele
me disse: ‘isso é uma democracia’. Que democracia, já que meus
fornecedores não puderam entrar, nem meus clientes, ontem à noite?”,
indagou Uekita, segundo o qual a queda no movimento do restaurante “foi
de 100% ontem à noite (com a chegada da Seleção) e de pelo menos metade,
hoje no almoço”.
“Isolaram
toda a área aqui e fomos prejudicados. Queremos ver agora quem vai
arcar com isso”, completou Márcia, mostrando o “rastro de destruição”
nas plantas e nos vidros (que ficaram sujos, na verdade) deixado pelos
fãs. “Pagamos impostos aqui para ouvir torcedor dizendo que ‘tem o
direito de entrar’? Não, né?”, definiu.
Moradora de uma das casas em frente ao hotel, a artista
plástica Maria Regina Ribeiro da Silva, 75 anos, contou que “há pelo
menos 20 dias” o forte esquema de policiamento na rua mudou a rotina nas
imediações.
“Pediram meu nome, dos meus filhos, bem como as placas
dos nossos carros. Hoje, por exemplo, não podíamos circular aqui entre
as 14h e as 17h. Mas ficou tudo tão seguro que eu não me importo – vejo
PMs de dois em dois andando aqui há dias e ainda prefiro: tem tido muita
baderna e muita destruição na cidade, ultimamente, e quanto mais
segurança, melhor”, atestou.
Fonte: Terra/Por: Janaina Garcia