Graves denúncias de irregularidades e resultados financeiros pífios tiraram a Petrobras do rol de armas eleitorais do PT contra a oposição
ANTES E DEPOIS - Hoje, Dilma afirma que colocar Petrobras no debate eleitoral é "imaturo" (João Carlos Mazella/Fotoarena/VEJA) |
É uma estratégia petista rotineira. Quando o jogo já não favorece o
partido, mudam-se as regras — ou joga-se o tabuleiro fora. Nos idos de
2010, a candidata Dilma Rousseff bradava uma preocupação
injustificada com uma possível venda da Petrobras caso seus opositores
vencessem o pleito presidencial: "É um crime privatizar a Petrobras ou o
pré-sal", disse ela, atacando o PSDB. "Eles só pensam em vender o
patrimônio público", continuou Dilma, relacionando o futuro da empresa
às privatizações dos setores elétrico e de telecomunicações que
ocorreram durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. O episódio
apenas explicitou uma dinâmica de propaganda repetida à exaustão pelo
partido: ao explorar o nacionalismo, o PT espalhou o receio de que o
PSDB venderia a estatal e, assim, abriria mão de um "patrimônio" dos
brasileiros, criando um ambiente de medo em potenciais eleitores do
candidato tucano da vez - no caso, José Serra. Pouco importava, neste
caso, a falta de embasamento para a acusação. O partido não apresentava
números ou argumentos fortes para mostrar os ganhos, de fato, que o país
auferia ao sustentar tal empresa com recursos provenientes dos cofres
públicos. Soube-se, mais tarde, que o apego profundo que o partido
mantém pela estatal está à margem de qualquer discurso ufanista. A
Petrobras transformou-se, em pouco mais de uma década, numa das estatais
mais aparelhadas do país, onde o loteamento de cargos foi regra, não
exceção. Muitos a chamam, em tom de blague, de Ministério.
O apego quase emocional à empresa vem se dissipando ao passo que o discurso do partido, convenientemente, mudou. Com a estatal envolvida em graves denúncias de irregularidades e desmandos administrativos, o governo tenta se desvincular. Quanto menos a Petrobras for assunto da campanha, melhor. Para isso, vale até voltar atrás em sua retórica nacionalista. "Se tem uma coisa que a gente tem que preservar, porque tem sentido de estado e país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Isso não é correto, não mostra nenhuma maturidade", disse a presidente, no domingo, no Palácio da Alvorada.
O petróleo é nosso — O uso da Petrobras como arma na disputa presidencial vem de longe. Desde a primeira vitória de FHC, Lula sempre lançou mão do nacionalismo exacerbado — arma clichê de governos extremistas — para tentar assustar o eleitor. Tanto que em 2006, o tucano Geraldo Alckmin até vestiu o macacão da estatal para tentar desfazer a imagem, espalhada pelos petistas, de que o PSDB privatizaria a empresa. A retórica antiprivatizações foi usada sem filtros por Lula em todos os pleitos que disputou — e Dilma tornou-se adepta inveterada do discurso. Ainda em 2010, em debates entre os candidatos, a atual presidente voltou a usar o tema para atingir Serra. "Dá uma dúvida se eles são só a favor da privatização do pré-sal ou se são a favor da privatização do pré-sal e da Petrobras", afirmou, na TV Bandeirantes. Isso porque um assessor de Serra, David Zylberstajn, defendeu que o pré-sal fosse aberto à exploração de empresas estrangeiras, o que é uma prática comum no setor em todo o mundo. O candidato tucano nunca declarou apoio à ideia, muito menos à venda da estatal. Mas o PT viu nisso uma forma de jogar os tucanos contra a parede — e contra os eleitores.
O apego quase emocional à empresa vem se dissipando ao passo que o discurso do partido, convenientemente, mudou. Com a estatal envolvida em graves denúncias de irregularidades e desmandos administrativos, o governo tenta se desvincular. Quanto menos a Petrobras for assunto da campanha, melhor. Para isso, vale até voltar atrás em sua retórica nacionalista. "Se tem uma coisa que a gente tem que preservar, porque tem sentido de estado e país, é não misturar eleição com a maior empresa de petróleo do país. Isso não é correto, não mostra nenhuma maturidade", disse a presidente, no domingo, no Palácio da Alvorada.
O petróleo é nosso — O uso da Petrobras como arma na disputa presidencial vem de longe. Desde a primeira vitória de FHC, Lula sempre lançou mão do nacionalismo exacerbado — arma clichê de governos extremistas — para tentar assustar o eleitor. Tanto que em 2006, o tucano Geraldo Alckmin até vestiu o macacão da estatal para tentar desfazer a imagem, espalhada pelos petistas, de que o PSDB privatizaria a empresa. A retórica antiprivatizações foi usada sem filtros por Lula em todos os pleitos que disputou — e Dilma tornou-se adepta inveterada do discurso. Ainda em 2010, em debates entre os candidatos, a atual presidente voltou a usar o tema para atingir Serra. "Dá uma dúvida se eles são só a favor da privatização do pré-sal ou se são a favor da privatização do pré-sal e da Petrobras", afirmou, na TV Bandeirantes. Isso porque um assessor de Serra, David Zylberstajn, defendeu que o pré-sal fosse aberto à exploração de empresas estrangeiras, o que é uma prática comum no setor em todo o mundo. O candidato tucano nunca declarou apoio à ideia, muito menos à venda da estatal. Mas o PT viu nisso uma forma de jogar os tucanos contra a parede — e contra os eleitores.
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