Por: Bernardo Silva
“Mentiram-me.
Mentiram-me ontem/ e hoje mentem novamente./ Mentem de corpo e alma,
completamente./E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem
sinceramente./ Mentem, sobretudo, impune/mente./ Não mentem tristes.
Alegremente mentem./Mentem tão nacional/mente que acham que mentindo
história afora vão enganar a morte eterna/mente (...)”.
Recorro a este “Fragmento” da poesia de Affonso Romano de Sant`Anna para
lembrar aos políticos que até para mentir a pessoa precisa ter
competência. Não parece ser o caso do candidato Wellington Dias, hoje
senador, mas que já governou este Estado por mais de 7 anos e o seu
partido – o PT - até janeiro deste ano fez parte, compôs com o governo
do Wilson Martins, a quem ajudou eleger.
“Vamos continuar este projeto do companheiro Wellington Dias”.
Quantas vezes ouviu-se esta frase dita pelo então candidato Wilson
Martins, em 2010? Vice- governador de Wellington, que saiu candidato ao
senado, Martins assumiu o governo e pleiteava a reeleição. E dizia
orgulhar-se da simbiose existente entre as duas gestões. “É a
continuação do projeto (?)”. Que projeto, cara pálida?!!!
Agora
em plena campanha eleitoral anda um falando mal do governo do outro, e
Wellington Dias, incorporando o espírito de “santo”. Parece não ter
culpa de nada, dos erros do outro; e tudo o que fez foi em parceria com o
“companheiro Lula”. Écumpanhêro Lula pra cá, cumpanhêra Dilma
pra lá, e a gente sabendo que ele não desprega da figura dos dois
porque exatamente não tem um discurso consistente que convença a
população de que ele (Wellington) não faz parte das forças do atraso,
não está obsoleto e que é apenas um elemento usado pelos “cumpanhêros” a quem sempre cita.
Mas
a mentira mais besta do senador Wellington Dias diz respeito à TV
Antares, a TV Pública do Estado, que sempre ficou relegada ao último
plano em todos os 7 anos e 3 meses de sua gestão. Ao invés de investir
na TV estatal, preferiu dar milhões do governo aos grandes empresários
de comunicação de Teresina, enquanto a Fundação Antares serviu apenas e
tão somente para abrigar petistas.
A
TV Delta de Parnaíba, afiliada à TV Antares, foi fechada, tão logo
Wellington Dias assumiu, em 2003, o comando do Estado. Foi uma decisão
política do PT, mas os governistas preferiram dizer que iriam tratar da
legalização da emissora junto ao Ministério das Comunicações, porque o
governador anterior, Mão Santa, havia inaugurada uma emissora irregular.
Mais de 3 anos se passaram e quando resolveram reabrir a TV Delta,
pensou-se que ela estava de acordo dentro da lei. E fomos saber que não
somente na eleição seguinte, quando a Justiça Eleitoral, através da
Juíza Regina Freitas, informou que a emissora não poderia retransmitir a
propaganda eleitoral por estar irregular juntos aos órgãos federais.
Resumindo: o então governador mentiu.
Agora os
jornais anunciam que Wellington Dias cita em seu programa de governo que
pretende criar afiliadas da TV Antares em várias regiões do Estado. E
também promete criar o Conselho Estadual de Comunicação que buscará a
regularização das rádios comunitárias piauienses junto ao Ministério das
Comunicações. Pergunta-se: na condição de ex- radialista, por que
quando assumiu o governo em 2003 não lembrou do assunto, quando vivia-se
a “febre” das rádios comunitárias? E por que somente agora este
interesse todo pela TV Pública do Estado?
É
simples a resposta. Todos os investimentos que Wellington não fez e que
promete fazer caso retorne ao governo, está sendo feito na atual
gestão, a partir da nomeação do vereador de Parnaíba (licenciado),
Carlson Pessoa, para presidir a Fundação Antares. O senador que quer
voltar ao governo está atrasado. Na contramão. Por que relegou a um
plano inferior as afiliadas da TV Antares- TV Picos e TV Delta – durante
o seu governo passado? E por que anda caindo de amores agora por estas
emissoras, na condição de candidato?! Me engana que eu gosto.
Em Tempo: A
TV Delta foi reinaugurada na gestão Wellington Dias no mesmo dia em que
o governo inaugurou também em Parnaíba um escritório do IMEPI –
Instituto de Metrologia do Piauí. Nunca serviu, à época, para coisa
alguma. A não ser para empregar“cumpanhêros”.
(*)Bernardo Silva é jornalista e Professor
Fonte:Jornal "Tribuna do Litoral"