Mais de 300 crianças esperam por uma cirurgia no Hospital Lucídio Portela. Nove dos 13 profissionais paralisaram as atividades por questões salariais.
Centenas de crianças estão na fila de espera por cirurgias no Hospital Infantil Lucídio Portela em Teresina. As cirurgias só podem ser feitas por um médico pediatra especialista, mas há três meses os procedimentos foram suspensos no hospital após o corte de gratificações. O Piauí tem apenas 13 cirurgiões pediátricos e nove deles trabalham no Lucídio Portela. O número de profissionais na área é considerado insuficiente pela Associação Piauiense de Medicina.
Há seis dias o filho de Deusilene da Silva aguarda atendimento no Hospital Infantil Lucídio Portela. Marcelo só pode sair do hospital depois de uma cirurgia para corrigir a fratura no braço. “Eles disseram que era para a gente aguardar que o médico iria operar, estamos esperando, não sei o que é que vai resolver”, disse a dona de casa.
Este não é um caso isolado. Mais de 300 crianças esperam na fila por uma cirurgia que só pode ser feita por um pediatra e especialista nesses casos. O problema é que há três meses o procedimento foi suspenso no hospital infantil. Segundo os profissionais o corte de gratificações motivou a paralisação. De acordo com a Associação Piauiense de Medicina, o número de profissionais disponíveis no estado é pequeno e prejudica quem precisa do atendimento.
“Nós não atendemos só o Piauí, temos o Maranhão e também o Pará. Então, em relação à cirurgia pediátrica, não tenha dúvida, nós precisamos urgente de mais cirurgiões pediátricos. Uma ação que seria muito boa era uma residência de cirurgia pediátrica que já tem no hospital infantil e vai proporcionar ao estado mais dois cirurgiões pediátricos a cada ano”, falou Elisiário Cardoso, presidente da Associação Piauiense de Medicina.
Apesar do incentivo, a longa formação para atuar como cirurgião pediátrico afasta alguns profissionais da carreira. Isso sem falar nas oportunidades para residência nessa área. O Hospital Infantil Lucídio Portela oferece apenas duas vagas por ano e considera a quantidade inadequada. “Nós teríamos capacidade para ensinar e treinar quatro profissionais por ano, mas a residência dura três anos. Então abrindo duas vagas por ano no final de três anos vamos ter seis residentes e a partir daÍ estabilizaria”, explicou Adriano Reis, vice-coordenador de Residência Médica.
Sem atendimento as filas nos corredores do hospital se multiplicam para desespero dos pais que não aguentam ver o sofrimento dos filhos.
Do G1 PI