A Polícia Federal (PF) deflagrou
em 17 de março a operação “Lava Jato” desmontando um esquema
de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades
policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. A Petrobras está no centro das
investigações da operação, que apontou dirigentes da estatal envolvidos no pagamento
de propina a políticos e executivos de empresas que firmaram contratos com a
petroleira.
Na última
sexta-feira (14), a PF desencadeou a sétima fase da Operação, cumprindo
mandados de prisão e busca e apreensão em cinco estados e no Distrito Federal. Foram
decretados seis mandados de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, nove de
condução coercitiva (quando o suspeito é conduzido à polícia para prestar
esclarecimentos) e 49 de busca e apreensão.
O escândalo da Petrobrás está
nas manchetes do mundo todo. Afetou a credibilidade do país, fez desabar as
ações da empresa na bolsa de valores e, sobretudo, mexeu com a boa fé da nossa
gente. Traz à tona uma situação vergonhosa que rodeia o poder público há muito
tempo: a corrupção no governo.
Políticos, empresários e eleição formam a tríade que
“justifica” a teia da malandragem que se enraizou por este país de norte a sul.
Mas, desta vez, no epicentro do escândalo a maior, a mais lucrativa e a mais
importante estatal brasileira: a Petrobrás.
Lá da Austrália, donde participativa de uma reunião do
G-20, a presidente Dilma Rousseff vangloriou-se à imprensa ao dizer que “este
não é o primeiro escândalo brasileiro, mas é por certo o primeiro a ser apurado
com rigor”. Senhora Presidente não é só isso que nós brasileiros queremos,
antes, que não haja corrupção. Infelizmente, uma marca indelével destes 12 anos
que o PT alçou ao poder central.
Gostaríamos de ver o PT combatendo a corrupção como
sempre garganteou e não a promovendo. O PT criou mecanismos sofisticados de
financiar o seu projeto político. Os números envergonham tanto quanto assustam.
Apurar e punir é a obrigação do gestor probo. Nada de excepcional na declaração
da Presidente.
O fato que tentam esconder é que os maiores escândalos
em nível federal ocorreram justamente depois que o PT chegou ao poder. E, o que
é pior, com a participação e/ou aquiescência de petistas. O mensalão, até então
o maior esquema de corrupção, hoje é “café pequeno” diante das denúncias da
Petrobrás. Ambos guardam a mesma característica: montados meticulosamente para
patrocinar o projeto político de permanência no poder pelo Partido dos Trabalhadores.
Eles mancharam mais uma vez a imagem da nação. Pois se
quiserem aprofundar as investigações como disse a presidente Dilma vão ver o
quão profundo é o mar de lama que se produz na combinação da corrupção que
articularam entre empresários e políticos.
O momento atual talvez seja a oportunidade única de
limpar a sujeira que decorre desses esquemas. A corrupção eleitoral vem daí.
Você conhece algum corrupto que comprou votos para se eleger? Pois bem, o
“patrocínio” destes políticos, em boa medida, vem desses esquemas de prestação
de serviços ou aquisição de produtos pelo poder público. Coloca-se um preço bem
acima do valor real e daí extrai-se uma “comissão” para aqueles que
generosamente facilitam as coisas. Enquanto isso: saúde, educação, segurança...
O que se
revela nas investigações é exatamente o que há muito se diz à boca pequena e de
vez em quando é papo das rodas dos mais cultos aos
mais humildes cidadãos: “a política é suja!”.
Mas, o escândalo da Petrobrás é apenas a “ponta do
iceberg” da corrupção. Sabe-se que a corrupção existe e prospera em múltiplas áreas da vida
pública, incluindo o financiamento dos partidos políticos. Se
forem investigar com seriedade os contratos e licitações que o Governo Federal
tem em seus Ministérios, Autarquias e Estatais vai-se ter aí muitas surpresas. Ao
que parece a corrupção não é apenas na Petrobrás. Será que a presidente teria a
coragem de mandar investigar todos os atos de todas as estatais?
Reinaldo
Azevedo, jornalista renomado da revista Veja definiu: “Diga-se pela enésima
vez: o PT não inventou a corrupção. É claro que não! O que o partido fez foi
transformá-la num sistema e alçá-la à categoria de uma ética de resistência.
Nesse particular, sem dúvida, inovou. Se, antes, a roubalheira generalizada era
atributo de larápios, de ladrões, de safados propriamente, ela se tornou, com a
chegada dos companheiros ao poder, uma espécie de imperativo do ‘sistema’.
Recorrer às práticas mais asquerosas, contra as quais o partido definiu o seu
emblema na década de 80 — ‘Ética na política’ —, passou a ser chamado de ‘pragmatismo’.
Em
1984, Chico Buarque escreveu “Vai Passar”, onde um trecho diz: “... A nossa
pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída em tenebrosas
transações”. Bem atual! Ele nunca esperava é que suas letras de protesto
pudessem um dia valer para a “companheirada”. Acorda Brasil!
(*)
Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.