Cadastro no CAUC impede que municípios recebam transferências voluntárias da União.
A situação financeira dos municípios piauienses é crítica.
Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) aponta que
98,2% das prefeituras piauienses estão com alguma pendência junto ao Cadastro
Único de Convênios (Cauc). Com a irregularidade, as 220 cidades listadas ficam
impedidas de receber transferências voluntárias da União.
A situação do Piauí não é diferente da do restante do país.
Segundo a CNM, 5.368 prefeituras irão encerrar o ano com o nome registrado no
CAUC, o que corresponde à 96,4% do total. A relação da CNM leva em consideração
os dados atualizados até novembro. Caso não regularizem as pendências, as
administrações municipais enfrentarão uma crise ainda maior o que
impossibilitaria a realização de investimentos, já que ficarão limitados ao
recebimentos dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e
Fundeb.
Os dados da CNM comprovam ainda que a situação de
dificuldade tem se repetido ao longo dos anos, chegando até mesmo a se agravar.
No mesmo período do ano passado, apenas 2.965 Prefeituras estavam com
pendências. O aumento, se comparado a este ano, chega a 81%. No caso de cinco
Estados – Acre, Amazonas, Amapá, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte – 100%
dos Municípios estão presentes na listagem do Cauc. Todos os demais Estados
passam de 90%.
De acordo com o levantamento da CNM, 54 Municípios têm
apenas um item irregular; outros 51 têm dois motivos para estarem listados no
Cauc; 30 têm três itens pendentes e para 85 a situação é mais preocupante, pois
eles têm mais de três apontamentos no cadastro. Os dados da CNM comprovam os
que os gestores vêm.
A reclamação da situação crítica enfrentada pelos prefeitos
tem sido constante. Várias mobilizações municipalistas foram feitas em Brasília
para reivindicar um aumento nos repasses. Recentemente, os prefeitos
conseguiram a aprovação da Emenda Constitucional (EC) 84/2014, que possibilitou
a elevação dos repasses do FPM. A proposta surgiu após um levantamento em que
ficou constatado perdas no Fundo de R$78 bilhões, nos últimos cinco anos, após
as desonerações de tributos por parte do Governo Federal. O aumento no Fundo,
com a emenda, poderá chegar à 1% do valor.
A reportagem do ODIA tentou contato com o presidente da
Associação Piauiense de Municípios (APPM), Arinaldo Leal, para comentar os
dados, mas o mesmo não atendeu e nem retornou as ligações até o final da
reportagem.
Por: Mayara Martins - Jornal O Dia