Placa da ABLC
Fonte: http://www.museusdorio.com.br/
Mesmo com todo orgulho e respeito que temos pela cultura nosso estado, nós da equipe do Portal do PHB em Nota, comprometidos com uma informação e a credibilidade, não podíamos deixar registrar, um certo equívoco. Nós percebemos de imediato um grave erro em uma matéria de um renomado portal de noticias, que por questões éticas, não citaremos o nome. Mas a referida matéria foi postada na última quarta-feira (17) e você pode acessá-la aqui (veja a matéria). Nela diz o seguinte: “Piauí cria a primeira Academia de Literatura de Cordel do Brasil”
Que pena, mas não é verdade.
Infelizmente, temos o conhecimento de que o nosso Piauí, apesar de ser pioneiro em muitas outras coisas, não é o primeiro estado a criar uma Academia de Literatura de Cordel no Brasil. Como é declarado na referida matéria. Entristece-nos saber, que boa parte dos piauienses, desconhecem suas próprias riquezas culturais. Pois a nossa literatura de cordel, sempre foi considerada, uma das de melhor qualidade no mundo. E suas obras renomadas ecoam entre as cadeiras da ABLC (Academia Brasileira de Literatura de Cordel) que é uma instituição que foi criada no final da década de 80 (A primeira do Brasil).
Esse é o símbolo da ABLC Academia Brasileira de Literatura de Cordel
Fonte: Facebook da ABLC
Imagem de capa da pagina inicial do facebook da ABLC
Fonte: Facebook da ABLC
Muro e faixada da ABLC
Fonte: http://www.museusdorio.com.br/
Placa da lateral ABLC com o endereço do seu site
Fonte: http://www.museusdorio.com.br/
Portanto, apesar de não ter sido os primeiros a criar uma academia de literatura de cordel, somos sem sombra dúvidas, um dos estados que melhor representa a cultura cordelista.
Por isso, fizemos questão de pesquisar, para mostrar aos nossos leitores o verdadeiro valor da cultura de cordel do nosso estado. A qual vem de muito tempo. Bem antes de ser criada a Academia Piauiense de Literatura de Cordel. Ou seja. Há três dias atrás como mostra a matéria do referido portal.
A Academia Brasileira de Literatura de Cordel - ABLC - foi criada em 1988, no âmbito da então Casa de Cultura São Saruê, através de doação, do espaço físico do prédio situado à rua Leopoldo Fróes, 37, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ; e, do acervo do Sr. General Humberto Pelegrino.
Apoiado por um Estatuto e Regimento interno, foi dado início ao trabalho de resgate da memória da literatura de cordel, fato que acarretou significativas transformações em diferentes planos da comunidade de poetas de cordel, cantadores, xilógrafos e editores de folhetos de cordel.
No ano de 1989, numa visita dos diretores da ABLC à Academia Internacional de Letras, abriu-se o caminho em direção às Academias de Letras do Brasil, onde passaram a ser realizadas as plenárias da ABLC. Possibilitou-se, então, a elaboração de um calendário acadêmico, a criação de um quadro de beneméritos e a difusão da literatura de cordel para o Brasil e o mundo.
Em 19 de Abril de 1993 o General Umberto Peregrino, admirador da poesia de cordel e da cultura repentista fez a doação do grande acervo da Casa de Cultura São Saruê, juntamente com suas instalações à ABLC. A instituição ganhava, assim, uma sede própria, no bairro de Santa Teresa, onde permanece até hoje.
A Academia busca reunir a comunidade de cordelistas, com o objetivo de revitalizar a produção de folhetos de cordel. A linha de atuação da Academia preocupa-se com a produção da literatura de folhetos relacionada aos aspectos da vida em sociedade e com o resgate das variantes temáticas que cercam a produção poética, bem como com o cumprimento de suas normas de criação literária – verso, métrica, rima, oração e ritmo. A opção por critérios de criação e de produções bem elaborados, implica uma melhor aceitação da literatura de folheto e da comunidade de poetas de cordel e cantadores nos vários níveis da sociedade, que passa a olhar a literatura de cordel com mais interesse e maior respeito.
Ao ser inaugurada, a ABLC contava com pouco mais de 600 obras entre livros e folhetos. Hoje - ocupando dois andares do mesmo prédio, o seu acervo aproxima-se de 7 mil documentos, entre livros e folhetos de cordel.
O acervo da ABLC, além de preservar a memória da literatura de cordel, possui grande relevância como suporte para as atividades realizadas por todos os setores educacionais e culturais da sociedade carioca e do Brasil, subsidiando as pesquisas para a realização de eventos em todo o país. Na atualidade a Academia Brasileira de Literatura de Cordel tem em seus quadros importantes cordelistas que residem no Rio de Janeiro e no nordeste.
No fim de 2009 deu entrada junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com a solicitação de Registro nos Livro dos Saberes da Literatura de Cordel como Bem Imaterial do Brasil. A solicitação foi Acatada em 2010 e está em andamento junto ao órgão.
Infelizmente o site da ABLC (http://www.ablc.com.br/ ) está fora do ar, não sabemos o motivo, mas coletamos estas informações no seu Faceboook que está funcionando e os caros leitores podem acessá-lo neste endereço:
Conheça a, pouco da história de um dos maiores poetas cordelistas de todo os tempos. Firmino Teixeira do Amaral. Foi um dos principais membros da ABLC e com muita honra afirmamos era piauiense.
Poeta cordelista Firmino Teixeira do Amaral, patrono da cadeira 3.
Imagem: Wikipedia
Segundo o conceituado pesquisador Ribamar Lopes, na antologia Literatura de Cordel, editada pelo BNB, Firmino Teixeira do Amaral era piauiense, nascido na localidade de Bezerro Morto, então pertencente a Amarração, hoje Luís Correia-PI. Um dos maiores cordelistas do Brasil de todos os tempos. Criou o "Trava-Língua" - embaralhamento de palavras. Criador dos gêneros Desmanches e Parcela. Escreveu dezenas de cordéis, sendo o mais famoso "A Peleja de Cego Aderaldo e Zé Pretinho do Tucum"(1923), cordel estudado na Sorbonne, França. Informa Veríssimo de Melo, que Firmino Teixeira do Amaral nasceu em 1896 e faleceu em 1926.
O poeta viveu boa parte de sua vida em Belém-PA, sendo um dos principais autores da Editora Guajarina, do pernambucano Francisco Lopes, uma das maiores gráficas cordelinas do passado. Tendo retornado ao Piauí, findou os seus dias na cidade de Parnaíba.
O folheto "Peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum", escrito por volta de 1916, teria sido uma contribuição do poeta ao famoso Cego Aderaldo, que se encontrava doente em Belém, impossibilitado de ganhar o seu sustento. Com essa informação é reforçada a teoria de que a tal peleja - uma das mais famosas da Literatura de Cordel -, nunca ocorreu de fato, sendo pura imaginação de Firmino. Mesmo sendo considerado até os dias de hoje como um dos maiores cordelistas de todos os tempos, a maioria dos piauienses desconhecem este fato, inclusive seu próprios conterrâneos no Munícipio de Luís Correia, antiga Amarração. Pois lá, não há nenhuma praça, rua ou bairro com seu nome.
São de sua autoria as seguintes obras:
- Peleja de Cego Aderaldo Com Zé Pretinho do Tucum
- Peleja de Cego Aderaldo Com Zé Pretinho do Tucum
- A Festa da Bicharada ou o Porco Embriagado
- A Vingança do Porco Embriagado
- Peleja De Cego Aderaldo Com Jaca Mole, Primo De Zé Pretinho
- O Casamento Do Bode Com A Raposa
- Bataclan
- História De Carlos e Adalgisa
- A Princesa Magalona E Seu Amante Pierre
- Peleja De João Peroba Com O Menino Pericó (Que Com 8 Anos De Idade Venceu Um Antigo Cantador)
- Peleja de Cego Aderaldo Com Frankalino.
"A Peleja de Cego Aderaldo e Zé Pretinho do Tucum"(1923), cordel estudado na Sorbonne, França.
Com informações da ABLC
Com informações da ABLC
"Surpreendente e imaginoso, o mais brilhante que já teve o Piauí".
O autor desta peleja não é o Cego Aderaldo, e sim o poeta Firmino Teixeira do Amaral, que foi o mais brilhante poeta popular do Piauí e um dos maiores do Brasil. Cunhado de Cego Aderaldo, contribuiu para criar uma auréola de fama em torno do nome do Cego. Imaginoso e brilhante, criou, em torno de Aderaldo, várias pelejas fictícias, como também romances e histórias. O mais fantástico é que o cordel original desta suposta pega sempre foi publicado com o nome do Cego Aderaldo como verdadeiro autor, e Aderaldo jamais se deu ao trabalho de desmentir - mais um mito extraordinário deste "país" chamado Nordeste. No fim da vida, o Cego Aderaldo chegou a "desculpar" com a comunidade negra em face de "suas" posições - em verdade, do poeta Firmino - não politicamente corretas, com o Cantador (?) Pretinho dos Tucuns, que nunca existiu. Cego Aderaldo, aliás, Firmino Teixeira do Amaral.
CAPAS DE ALGUNS DOS CORDÉIS MAIS FAMOSOS DE FIRMINO TEIXEIRA DO AMARAL
Fonte: http://cordelnoscocais.blogspot.com.br/
Fonte: http://cordelnoscocais.blogspot.com.br/
CURTA TAMBÉM ALGUNS DO VERSOS DO CORDEL “O CASAMENTO DO BODE COM A RAPOSA”
Eu ouço os velhos dizerem
Que os bichos da antiguidade
Falavam como falamos
E tinham civilidade
Naquele tempo até bichos
Casavam por amizade
Naquele tempo mestre burro
Lia escrevia e contava
O cavalo era escrivão
Lia escrevia e contava
O cavalo era escrivão
O cachorro advogava
O carneiro era copeiro
E o jaboti desenhava
E o jaboti desenhava
Leão era o rei dos bichos
Onça era professora
Onça era professora
Elefante era juiz
A raposa agricultora
Camelo era correio
A raposa agricultora
Camelo era correio
A aranha tecedora
Gavião criava pinto
Guaxinim plantava cana
O macaco em sua tenda
Vendia queijo e banana
Aos outros a prestação
Pra receber por semana
Guaxinim plantava cana
O macaco em sua tenda
Vendia queijo e banana
Aos outros a prestação
Pra receber por semana
Urso era presidente
A traça era costureira
Girafa fazia renda
Cutia era engomadeira
Peru era viajante
Cobra vendia na feira
A traça era costureira
Girafa fazia renda
Cutia era engomadeira
Peru era viajante
Cobra vendia na feira
O lobo era capitão
Urubu era marchante
O jacaré era bacharel
Urubu era marchante
O jacaré era bacharel
Canguru comerciante
O peba era coletor
Camaleão despachante
Coruja era feiticeira
O papagaio pregador
Periquito era fiscal
O sapo era caiador
A preguiça era parteira
Mestre bode era doutor..
O peba era coletor
Camaleão despachante
Coruja era feiticeira
O papagaio pregador
Periquito era fiscal
O sapo era caiador
A preguiça era parteira
Mestre bode era doutor..
Fonte das imagens e dos versos: http://cordelnoscocais.blogspot.com.br/
Não fizemos essa correção para nos firmarmos como meio de comunicação e sim para fazer valer o nosso compromisso com nossos leitores principalmente os piauienses. Sabemos que todos somos passíveis de erro. Por essa razão, se cometermos algum equívoco em nossas matérias, não teremos nenhum constrangimento ao sermos corrigidos. Pois estamos aqui para somarmos juntamente com todos os colegas que trabalham com a informação. Aos quais respeitamos e parabenizamos por todo o trabalho de qualidade que vem sendo feito há tempos.
Postado por Jocelio Costa para PHB em Nota