Suspeita de matar italiana em Jericoacoara foi presa na segunda (29). Corpo de Gaia Molinari foi encontrado com cortes em duna no Ceará.
A mulher suspeita de matar a turista italiana Gaia Molinari, presa em Fortaleza nesta segunda-feira (29), havia escrito mensagem na internet em busca de companhia para se hospedar na praia de Jericoacoara, no litoral do Ceará. "Procuro companhia para passar o final de ano em Fortaleza e Jericoacoara. Já paguei parte da hospedagem para o período de 18 a 29 de dezembro", diz um trecho da mensagem em um site de mochileiros, pessoas que fazem viagens de baixo custo.
Gaia foi assassinada em 24 de dezembro, e o corpo foi localizado um dia depois em uma duna a caminho da Pedra Furada, ponto turístico de Jijoca de Jericoacoara. Em 26 de dezembro, a suspeita foi localizada pela polícia em Canoa Quebrada, outra praia do litoral cearense.
crime ocorreu dia 24 (Foto: Reprodução/TV Verdes Mares)
Laudo sobre a morte
Segundo a delegada responsável pelo caso, Patrícia Bezerra, a carioca suspeita do crime iria viajar na segunda-feira, data em que foi presa. A Polícia Civil pediu a prisão preventiva dela, porque, segundo a delegada, ela entrou em contradição "inúmeras vezes" e não soube explicar pontos incoerentes do depoimento.
"Colhemos vários indícios e depoimentos que apontaram para incontáveis contradições que ela (a suspeita) estava deixando ao longo da investigação. O que autorizava sem sombra de duvida, a prisão temporária dela", disse a delegada. De acordo com a delegada, entre as contradições estão horários e locais de passeios com a vítima na Praia de Jericoacoara.
A carioca, que é farmacêutica, estava com passagem marcada de volta para o Rio de Janeiro. "Era importantíssimo que ela não saísse daqui", ressaltou a delegada. De acordo com Patrícia Bezerra, a carioca foi ouvida como testemunha do caso pela primeira vez no dia 26 de novembro, depois de ser localizada por policiais na praia de Canoa Quebrada.
No sábado (27), policiais foram a Jericoacoara para comprovar as informações dadas pela carioca em depoimento. "No início, ela era a nossa principal testemunha. A companheira de viagem dela, com quem Gaia passou os últimos dias. Em Jericoacara, a equipe verificou que muitas coisas que havia dito não eram verdadeiras", contou a titular de Delegacia de Proteção ao Turista (Deprotur).
No domingo (28), a delegada foi à praia para formalizar depoimentos de pessoas do local e, ainda como testemunha, a carioca também foi levada pela polícia para Jericoacoara. "Lá, quando ela foi chamada para ser reinquirida, ela não sustentou o que tinha dito inicialmente nem explicou o porquê dessas mentiras". Desde a manhã desta segunda-feira (29), a farmacêutica está presa na Delegacia de Capturas, no Centro de Fortaleza.
Gaia Molinari foi encontrada morta por estrangulamento em 25 de dezembro na localidade de Serrote, próxima à Pedra Furada, um dos locais mais visitados da praia. Segundo o comandante de policiamento do interior da região Norte, coronel Júlio Aquino, o corpo da italiana foi encontrado por volta das 13 horas por um casal. A mulher estava vestida de biquíni com marcas nos dois pulsos e no pescoço e com arranhões no corpo.
Além do exame de DNA que pode identificar violência sexual na vítima, a perícia também realizou exame toxicológico, ainda sem data para ser divulgado. O exame vai identificar se ela ingeriu alguma substância antes de ser morta, já que policiais acreditam que ela pode ter sido dopada.
Policiais e cônsul da Itália no Ceará participaram de entrevista coletiva nesta segunda-feira (Foto: Gabriela Alves/G1)
Investigações
Investigações
A polícia trabalha com duas hipóteses que motivaram o crime, segundo a delegada, uma de crime passional e a segunda não foi revelada para não atrapalhar as investigações.
De acordo com as investigações e testemunhas do local, a italiana tentou voltar para Fortaleza um dia antes de morrer, no dia 23 de dezembro, e dizia não estar se sentindo bem de saúde. Ela não conseguiu voltar por problemas na empresa que realiza o transporte de passageiros. Gaia, então, manteve a passagem para o dia 24 de dezembro no mesmo horário que voltaria a carioca, mas não viajou. A farmacêutica afirmou ter voltado para Fortaleza sem a italiana porque a vítima teria dito que gostaria de ficar mais tempo na praia.
A delegada Patrícia Bezerra afirmou que a prisão preventiva da carioca é apenas o início das investigações. "A investigação não terminou. Muito pelo contrário, começou agora. Temos outras pessoas a serem encontradas", disse. A Polícia Civil pretende colher mais depoimentos e testemunhas da passagem da italiana em Jericoacoara. Antes de chegar ao Ceará, Gaia também passou pelo Rio de Janeiro, cidade da suspeita presa. "Estamos investigando se as duas já se conheciam antes de chegar aqui no Ceará". Um policial italiano está em Fortaleza para prestar apoio à polícia cearense.
O corpo da turista, que tinha 29 anos e trabalhava como relações públicas, vai ser embalsamado e deve ser liberado até quarta-feira (31) do Instituto Médico Legal de Sobral, segundo informações do cônsul da Itália no Ceará, Roberto Misici. De acordo com o consulado, o corpo ficará em Fortaleza até que sejam resolvidos todos os trâmites burocráticos e ainda não tem data para ser levado para a Itália.
Laudo sobre a morte
De acordo com o laudo da Polícia Civil, divulgado na tarde de sexta-feira, a turista italiana Gaia Molinari foi morta por estrangulamento. Gaia sofreu vários golpes com objetos cortantes no corpo e no rosto antes de ser asfixiada.
Antes de ir para Jericoacoara, a italiana estava hospedada em um albergue, em Fortaleza, desde o dia 16 de dezembro. No alberque, Gaia teria conhecido a carioca que a convidou para ir a Jericoacoara. De acordo com funcionários do albergue, ela deixou alguns objetos pessoais no local, como um computador e o passaporte.
O crime
Segundo informações da Polícia Militar, o corpo da italiana foi encontrado por outros turistas na área do Serrote. Os moradores de Jijoca de Jericoacoara afirmam que a jovem estava em Jericoacoara acompanhada de uma amiga carioca. Ambas deveriam ter deixado a cidade de Jijoca na quarta-feira (24), mas Gaia Molinari não retornou do passeio na véspera do Natal. Ela trabalhava em um hostel em Jijoca de Jericoacoara em troca de hospedagem e viajava por vários países, segundo pessoas que conheceram a vítima.
Do G1 CE