Autoridades ainda não confirmaram autenticidade do material.Kenji Goto teria sido decapitado por militante com sotaque britânico.
Cena do vídeo divulgado pelo Estado Islâmico com a suposta execução de Kenji Goto
(Foto: Reprodução/Youtube)
Segundo a agência AP, o vídeo, divulgado na noite de sábado (31),
mostra um militante com acentuado sotaque britânico decapitando Goto, um
jornalista freelancer de 47 anos.
Divulgado em websites militantes, o vídeo mostra os mesmos símbolos dos
vídeos anteriores do Estado Islâmico. Sua autenticidade, porém, ainda
não foi oficialmente confirmada.
O vice-ministro das Relações Exteriores do Japão, Yasuhide Nakayama,
havia dito na noite de sexta-feira que as negociações para a libertação
de Goto estavam paralisadas.
A Reuters informa que as autoridades japonesas estão analisando o vídeo
para comprovar sua autenticidade, segundo a rede japonesa de TV NHK.
Mesmo sem a confirmação, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, falou
à imprensa sobre o assunto. "Sinto uma forte indignação perante esse
ato desumano e desprezível de terrorismo", afirmou. "O Japão irá
trabalhar com a comunidade internacional para trazer os responsáveis por
este crime à justiça", acrescentou, reforçando ainda que o Japão "não
se entregará ao terrorismo".
A agência diz que o vídeo mostra um homem com a cabeça coberta, em pé
e segurando uma faca contra a garganta de Goto. Na sequência, são
vistas imagens de um corpo com uma cabeça já separada.
Dirigindo-se a Shinzo Abe, o homem diz: "Por causa de sua decisão
imprudente de tomar parte em uma guerra impossível de ganhar, esta faca
irá não apenas matar Kenji, mas também continuar e causar massacre onde
quer que seu povo seja encontrado. Que comece o pesadelo para o Japão".
Segundo a AFP, o homem, que parece ser um militante conhecido como
Jihadi John, tem um sotaque do sul da Inglaterra, e fala ainda sobre o
suposto poder do Estado Islâmico: "Vocês, como seus tolos aliados na
coalizão satânica, tem que entender que nós, pela graça de Alá, somos um
Califado Islâmico com autoridade e poder, um exército inteiro sedento
pelo seu sangue".
Kenji Goto foi capturado em outubro do ano passado, depois de viajar à
Síria para tentar negociar a libertação de Haruna Yukawa, executado na semana passada.
Em um vídeo publicado na internet no dia 20 de janeiro, um suposto
membro do grupo jihadista dava um prazo de 72 horas ao governo do Japão
para pagar US$ 200 milhões e evitar a execução dos dois reféns de
nacionalidade japonesa.
Após a morte de Yukawa, o grupo passou a ameaçar matar o japonês Kenji
Goto e o piloto jordaniano Mu'ath al-Kaseasbeh se a terrorista iraquiana
Sajida al Rishawi, que está presa na Jordânia, não fosse libertada. O
governo jordaniano afirmou concordar com a troca, mas exigiu uma prova
de vida do piloto.
No vídeo com a suposta execução de Goto não é feita nenhuma referência a Mu'ath al-Kaseasbeh.
EUA
De acordo com a Reuters, Os Estados Unidos estão trabalhando para confirmar a autenticidade do vídeo.
"Nós vimos o vídeo pretendendo mostrar que o cidadão japonês Kenji Goto
foi assassinado pelo grupo terrorista ISIL", disse a porta-voz do
Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca, Bernadette Meehan, em um
comunicado, usando a sigla em inglês para o grupo Estado Islâmico do
Iraque e Levante.
"Estamos trabalhando para confirmar a sua autenticidade. Os Estados
Unidos condenam fortemente as ações do ISIL e exigimos a libertação
imediata de todos os reféns. Nos solidarizamos com o nosso aliado
Japão", acrescentou Meehan.