A rua acorda antes do sol, às 5:00 horas da manhã os passarinhos começam a disputar atenção com a voz rouca do peixeiro: “olha o peeeeixe!”. Aquele grito entra no meu sono como uma pedrada. É o primeiro alarde do despertar do dia. Às 06:00 horas é a vez do senhor da tapioca, cuja face e nome também desconheço, porém, sua voz reconheço a quilômetros. E ele insiste em parar em frente ao portão e gritar algumas vezes: “tapiooooca!” e este é um tapa no meu último sono. Desperto. Tenho vontade de ir lá dá bom dia ao senhor e comprar algumas tapiocas para ver se são tão boas quanto as que minha avó faz, mas, aquela preguiça matutina não deixa. Ainda tenho meia hora. É quando passa o “homem do cuscuz” e o grito desse é mais hilário e eu não saberei descrevera aqui. Tive que ouvir por uma semana para compreender o que dizia: “cus...cuzzzz!” algo assim. O cuscuz eu já provei e é bom, claro que não se compara com o cuscuz de milho feito na comunidade Poção (Chaval/CE), mas, é apreciável.
A Afonso Pena é uma reta, em cujo asfalto, além dos vendedores ambulantes, também passam pessoas “normais” sem gritos e sem pressa alguma. Nas calçadas nos finais de tarde se observa cadeiras, conversas... Café. De vez em quando aparece um “engraçadinho” se sentindo o dono da rua com sua moto “envenenada” empinando pneu, se exibindo... Caindo.
Nos finais de semana tem os famosos “espetinhos”, são uns quatro ao longo da rua, além dos assados de carnes, baião e feijoada, neles também são vendidos um sarapatel e uma panelada que são coisas absurdas de boas.
‘Eita vidão!’ sentar na calçada ao domingo e observar o movimento de pessoas, coisas, sons... Vidas. Rua Afonso Pena parece um ser com vida própria, em cujas vias (veias) pulsa um sangue negro de concreto.
P. S.: Afonso Pena foi presidente do Brasil entre 1906 e 1909.
Marcello Silva – PHB,
01 de Fevereiro de 2015.
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