28/02/2015

Polícia Civil do Piauí cria força-tarefa para investigar pedófilos

Três setores da Polícia Civil fazem parte da força-tarefa “caça-pedófilos”: Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente, Grupo de Repressão ao Crime Organizado e Setor de Inteligência


Redes de pedófilos compartilham fotos de crianças em situações 
humilhantes e em atos sexuais. FOTO: Divulgação.




Está em curso no estado do Piauí uma força-tarefa envolvendo delegados, escrivães e agentes da Polícia Civil. Os policiais investigam pedófilos que há anos são acusados de cometer abusos sexuais contra crianças e adolescentes no estado. As ações da força-tarefa têm sido em documentar, investigar e juntar provas contra quem filma, fotografa, divulga e compartilha material envolvendo nudez e abusos sexuais e físicos contra crianças e adolescentes.

Três setores da Polícia Civil fazem parte da força-tarefa “caça-pedófilos”: a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (vítima) – DPCA – responsável direto pelas investigações de pedofilia; o Grupamento de Combate ao Crime Organizado – GRECO, que investiga grupos organizados – e o Setor de Inteligência da Polícia Civil, que monitora e documenta ações dos criminosos que atuam nessa área.

Algumas investigações já estão em conclusão. O trabalho ocorre também em parceria com a Superintendência da Polícia Federal no estado. Os federais, em recente investigação nacional com ramificações no Piauí, desarticularam uma rede que compartilhava fotos de crianças nuas pela Internet.

As ações da força-tarefa são tratadas com o máximo de sigilo. Fontes envolvidas na investigação, que falaram com exclusividade sobre os casos ao O OLHO, revelaram, sem citar mais detalhes, que até o final deste semestre podem ocorrer várias prisões de pedófilos.

Os casos de pedofilia no Piauí, por envolverem monstruosidades e geralmente crianças, são tratados com o máximo de discrição e, por envolver acusados com poder aquisitivo alto, terminam por raramente serem comentados pela cúpula das investigações.

Outro ponto de ação da força-tarefa é desarticular dois tipos de redes de pedófilos: uma organizada (mais perigosa e articulada e que usa mais a Internet) e outra informal (mais crescente, desorganizada e sem ramificações fortes, crescente por conta do sentimento de impunidade e que usa mais dispositivos móveis de forma indiscriminada).

As redes, formais e informais, de pedofilia no Piauí têm sido monitoradas por programas espiões há mais de dois anos. Esses programas documentam atos suspeitos e ajudam a montar o quebra-cabeças para fortalecer inquéritos policiais.

As provas têm sido fartas, principalmente nas redes informais, que envolvem pedófilos compartilhadores de fotos íntimas de crianças.

O grande desafio da força-tarefa da Polícia Civil do Piauí é convencer a Justiça a quebrar os sigilos dos investigados, muitos deles protegidos em perfis falsos e que mudam constantemente de endereços virtuais e de dispositivos móveis.

Duas fontes, participantes das investigações, falaram ao O OLHO, que o Ministério Público Estadual e os juízes de varas criminais têm aceito os pedidos de investigação e despachado quebras de sigilo. O principal empecilho são empresas que administram a Internet e, nos últimos dois anos, as redes de dispositivos móveis.

As mesmas fontes destacaram que as empresas alegam que não podem fornecer informações por terem sede em outros países. A alegação desse fato é o que emperra, dentre outros vários casos, é a não contribuição das empresas em fornecer rapidamente dados e passos dos pedófilos.

Esse dispositivo ajuda a polícia a ter mais trabalho. Atualmente novas formas de monitoramento são testadas e outros tipos de acúmulo de provas.
“Muitas surpresas e muitas ações para muito breve”, destacou uma das fontes mais envolvidas nas investigações contra pedófilos no Piauí.

REDES FORMAIS E INFORMAIS DE PEDOFILIA
O trabalho de investigação mais complicado contra pedófilos é o das redes formais. Essa, geralmente composto por pedófilos organizados e com utilização de recursos avançados de conhecimento sobre Internet.

Essas ações ocorrem na “Deep web”, conhecida como Internet Invisível. Por não poder ser procurado nos sites de busca há uma maior circulação de informações, boas e não tão boas. Uma delas são as redes formais de pedofilia, geralmente interconectadas com grupos que têm conhecimento médio e avançado de tecnologias atuais. Há anos há monitoramento e investigação desse tipo de rede no Piauí, inclusive com a condenação de um pedófilo no ano passado.

As redes de pedófilos que mais incomoda a Polícia Civil do Piauí atualmente é a informal, composta por pedófilos que usam principalmente o aplicativo para dispositivos móveis WhatsApp. Essas redes chegam a receber imagens e vídeos de redes formais e terminam viralizando, inclusive para grupos não específicos para essas causas, fotos de crianças e adolescentes.


Polícia Civil do Piauí disponibiliza canal de denúncias contra pedófilos. FOTO: Divulgação. 

 A maior preocupação é por conta da rapidez do envio e da multiplicação das imagens. Mesmo chegando aos celulares e tablets de milhares de usuários no estado, ainda há poucas denúncias. São elas que ajudam a polícia a investigar os pedófilos.

Por isso a ação rápida e esclarecedora pode evitar que muito seja exposto na Internet.
Qualquer crime de pedofilia pode ser denunciado em qualquer delegacia da Polícia Civil do Piauí.
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente tem setor específico para investigar esse tipo de crimes. Os mesmos podem ser denunciados (preferencialmente documentados) pelo telefone (86) 3216 2676. A Polícia Civil do Piauí também dispõe de canal próprio e sigiloso para esse tipo de denúncia, que podem ser feitas através do site: http://www.pc.pi.gov.br/espaco_cidadao.php. A Polícia Civil do Piauí também mantém serviço de recebimento de denúncias pelo próprio WhatsApp, através do número (86) 9489 7903.

Fonte: O Olho

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