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10/02/2015

Policiais protestam após morte de segurança do governador do Piauí

Portas do Palácio de Karnak estavam fechadas para os policiais. Os trabalhadores dizem se sentir inseguros dentro da própria polícia.


Trânsito na Avenida Frei Serafim ficou completamente parado por conta do protesto dos PMs (Foto: Catarina Costa/G1)

Mais de 100 policiais militares do Piauí protestaram em Teresina nesta terça-feira (10). O grupo lamentou a morte do soldado Francisco das Chagas Nunes, segurança do governador Wellington Dias, e se manifestou contra as condições de trabalho na PM. Os grupo se reuniu na Assembleia Legislativa (Alepi), fechou a Avenida Marechal Castelo Branco e seguiu até o Palácio de Karnak pela Avenida Frei Serafim. O trânsito ficou complicado nessas vias. No palácio, o grupo encontrou as portas fechadas e encerrou o protesto com uma oração em memória ao colega morto.

O cabo Agnaldo Oliveira, presidente da Associação Beneficente dos Cabos e Soldados (Abecs), lamentou as portas fechadas na sede do governo. "Quando conversei com o governador no velório do soldado Francisco, ele havia dito que o Karnak era a casa do povo e estaria aberta para nós. Agora, encontramos assim", disse. Ao fim do protesto, os policiais rezaram um Pai Nosso em homenagem a Francisco.


Cabo Aguinaldo solicita ao governador o retorno da gratificação (Foto: Catarina Costa/G1)

Ainda na Alepi, os policiais foram recebidos pelo presidente da Casa, o deputado estadual Themístocles Filho, que se comprometeu em ajudar a categoria. Segundo o parlamentar, uma audiência pública será convocada para discutir as reivindicações e a Secretaria de Segurança será convidada. Os policiais pretendem apresentar os problemas vividos no cotidiano da profissão e os riscos que correm diariamente.

“Além do nosso amigo Francisco, que morreu no exercício do seu trabalho, muitos outros policiais também morrem por conta do estresse da profissão, de doenças adquiridas no trabalho, além da depressão. Esperamos que a sociedade sinta a nossa insatisfação e é por isso que protestamos”, disse Marcioneide Barbosa, presidente da Associação Beneficente dos Militares do Piauí (Abempi).

O cabo Agnaldo informou que uma das principais reivindicações é o pagamento da gratificação de risco de vida. O cabo conversou com o governador no velório do soldado Francisco e cobrou a inclusão. Segundo ele, o Wellington informou que vai analisar o pedido. O valor a ser incluído seria de R$ 600.

“Esse pedido ocorre porque nos sentimos inseguros dentro da própria polícia. É difícil ter dois policiais trabalhando em uma viatura e fazer abordagens de quatro pessoas, por exemplo. No caso do nosso amigo, ele estava sozinho e foi abordado por quatro. Nós vamos cobrar um posicionamento do governador”, declarou.


Kylson Gregório de Sousa, que fez o concurso e nunca foi chamado (Foto: Catarina Costa/G1)

Várias outras reivindicações são lembradas pelos policiais na manifestação. Alguns pontos são a carga horária excessiva, os armamentos e equipamentos de segurança em más condições e o baixo efetivo. Quanto ao último tópico, os policiais dizem que hoje há menos de 2 mil policiais nas ruas, com previsão de aposentadoria de vários homens no fim do ano. Para isso, pedem ainda a convocação de profissionais classificados no concurso da PM de 2013.

Kylson Gregório de Sousa, que fez o concurso da Polícia e nunca foi chamado, lamenta o tempo de espera e o gasto de mais de R$ 1 mil em exames. “Investimos dinheiro e tempo para nunca nos chamarem para assumir o cargo, nosso psicológico está abalado. Esperamos que uma das reivindicações atendidas seja a nossa convocação”, disse.

Os policiais pedem ainda a unificação dos quadros da PM, a reformulação da lei de produção e reforma do código de ética da polícia. Os policiais encerrarão o protesto no Palácio do governo com uma oração em homenagem a Francisco.

Do G1 PI

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