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23/02/2015

Trânsito em Parnaíba: entre a competência e a desordem! (*)

Uma questão que preocupa e incomoda o parnaibano, nos dias atuais, é a dificuldade de circular na cidade. O trânsito, beirando uma situação de caos compromete nossa qualidade de vida. 

Um dado preocupante é que a frota na cidade continua a crescer. Cerca de 200 novos carros e 500 motos por mês entram em circulação e que ajudam a complicar o trânsito. Por onde circularão e onde estacionarão tantos veículos? Como poderemos nos deslocar daqui a 10 anos? Como estacionar no centro? 

E aí, o que fazer? Em primeiro lugar, sair da inércia. Não ficar com a ilusão de que uma grande obra, como a implantação de Veículo Leve sobre Trilhos será capaz de resolver todo o problema, como num passe de mágica. A cidade precisa de um estudo de engenharia de trânsito. Parar de improvisos!

Falam de um estudo nesta área contratado pela Prefeitura, em 2010 (?), com o objetivo de elaborar o Plano Diretor de Transportes. Infelizmente, até hoje se o estudo existe, sem qualquer justificativa à sociedade, os seus resultados não foram divulgados, nem implantadas as suas recomendações. Não se sabe quem elaborou, nem quanto custou!

O Poder Público precisa priorizar o transporte coletivo, iniciando pela reativação das linhas de ônibus, projetando vias exclusivas, redutores de velocidade, construindo abrigos de passageiros, etc. 

Precisamos de uma política voltada para a mobilidade urbana. Evitar, a todo custo, a concentração de empreendimentos, como vem ocorrendo em vários bairros, onde só se pensa na especulação imobiliária. Ruas são definidas com o mínimo de largura possível com o olhar complacente do poder público. Poder-se-ia, doravante, pensar como o ilustre prefeito Ademar Neves que, à época em que governou Parnaíba, pensou grande. Ele projetou o bairro Nova Parnaíba, com seu atual desenho de ruas largas garantindo a mobilidade urbana atual. É impossível pensar a cidade com os novos conjuntos residenciais tendo a mesma projeção?

É preciso pensar na implantação de uma rede ciclo viária. Uma cidade plana como a nossa e que possui uma considerável frota de bicicletas, não pode deixar de oferecer condições seguras de circulação para os seus ciclistas. O que foi feito até agora? Ninguém da administração pensou ou pensa nisto?

A falta de execução de algumas medidas simples compromete ainda mais o trânsito: algumas ruas precisam de faixa para pedestre, outras têm demais, como as duas existentes na Av. Presidente Vargas, próximo ao Bradesco, que já causou vários acidentes. Ou as três no Colégio das Irmãs!!!

Na Avenida São Sebastião, próximo ao Monumento da Águia há um retorno sentido 3 de maio para o centro da cidade. Só aqui em Parnaíba se vê isso: um retorno a 10 metros de um semáforo. Só vão interditar aquele retorno quando tiver um grave acidente ali.

Outra medida poderia ser decidida já: a conclusão da Avenida São Sebastião até o Portinho e a extensão da pavimentação asfáltica da Avenida Dr. João Silva também até o Portinho, fazendo uma ligação entre estas duas paralelas. Com estas avenidas concluídas conseguiremos dotar de mobilidade adequada vários bairros, a exemplo do João XXIII, Planalto, Raul Bacelar, Piauí, Colina do Alvorada, dentre outros.

Por que não devolver às nossas ruas o fiscal de trânsito? Não somente para multar, mas, principalmente para orientar os condutores e os pedestres. O Código de Trânsito Brasileiro estabelece que o dinheiro proveniente das multas deva ser, integralmente, investido na melhoria do trânsito. Sua gestão deve ser feita por um Fundo de Trânsito, evitando que estes recursos entrem no caixa único da prefeitura.

Competente é a atuação da Guarda Municipal. O “azulzinho” como é chamado cumpre fielmente o papel de multar os infratores. Não que se deva agir complacentemente com quem erra, abusa e desrespeita as leis de trânsito. Mas, há registro de muitos casos em que a autoridade se fez rígida demais em casos que poderiam ser aplicada advertência e/ou passada a orientação devida. Arrecadar é preciso!

E quanto aos inúmeros veículos que, diariamente, prejudicam o trânsito fazendo operações de carga e descarga? Um exemplo de abuso está no caso do carro forte que abastece dinheiro na agência do Banco do Brasil, mesmo tendo um espaço exclusivo para estacionar, muitas vezes para fechando a rua. Um abuso!

Também se faz necessário tirar de nossas ruas, a grande quantidade de veículos que utilizam nossas vias para o estacionamento. Principalmente no centro da cidade, diversas pessoas vão ao trabalho e deixa seu carro estacionado o dia todo. Há uma lei que trata do zoneamento, é só exigir o seu cumprimento. 

Precisamos de uma política de educação voltada para o trânsito. As pessoas precisam entender os seus direitos, mas também os seus deveres, especialmente no que tange ao respeito ao direito alheio. O que ocorre diariamente no Colégio das Irmãs é o exemplo do caos e do desrespeito. Na hora de deixar ou pegar seus filhos, os condutores de veículos abusam das normas de trânsito. Por certo, uma campanha educativa, aliada ao rigor da fiscalização surtiria o efeito desejado. Por que não fazem?

(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.

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