A aquisição de uma usina de asfalto para a prefeitura de Parnaíba foi anunciada ainda no início do governo Florentino Neto (PT), mas ainda está apenas no papel. Em agosto de 2013 ele enviou à Câmara Municipal um projeto de lei, que foi aprovado, solicitando autorização para contratar junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social – BNDES, através da Caixa Econômica Federal, recursos da ordem de R$ 2.890.447, 34(dois milhões oitocentos e noventa mil quatrocentos e quarenta e sete reais e trinta e quatro centavos) para serem aplicados na aquisição de máquinas e equipamentos no âmbito do programa PROVIAS (Programa de Intervenções Viárias), para possibilitar a viabilização de uma usina de asfalto para o município.
Depois tiraram o projeto da CEF e levaram para o Banco do Brasil com a promessa de que seria menor a burocracia e que de quebra ganhariam mais recursos para pavimentação poliédrica. Até agora nada!
Florentino justificou: “com a usina a prefeitura vai ter uma redução significativa com os custos de contratação de empresas para a execução de reparos e pavimentação de vias públicas; a ampliação de oferta de serviços públicos em mobilidade e acessibilidade; uma maior autonomia na execução de obras e serviços; a melhoria das condições de tráfego nas vias públicas”. Bem justificado, mas no papel...
Os anos se passaram e nada foi executado. Enquanto não saia a “usina de asfalto”, a Prefeitura de Parnaíba fez uma licitação para recapeamento asfáltico de várias ruas da cidade. Em 13 de dezembro de 2013 (é muito treze), com muita festa em seu gabinete, o prefeito assinou uma ordem de serviço para 34 km de asfalto para vias que necessitavam recuperação e outras que ainda não possuíam a pavimentação.
(http://cidadeverde.com/parnaiba/55721/prefeitura-assina-ordem-de-servico-para-asfaltar-vias-de-parnaiba).
Anunciou as ruas: Pe. Castelo Branco, Franklin Veras, Armando Bulamarque, Tabajara, Benjamim Constant, Ceará, Paraíba, Sergipe, Cel. José Narciso, Alm. Gervásio Sampaio, Alcenor Candeira, São José, Agrim Alprim da Arry, Poncion Rodrigues Queiroz, Dr. Walterdes Moreira Sampaio, Benedito Correia, Cristo Rei, Amadeu Lopes, Iran Araujo, Melvin Jones, Osvaldo Cruz, Vera Cruz, Cel. Pacifico, Coelho Bastos, rua da Praia e Praça Julio Augusto. Avenidas Cel. Lucas, Álvaro Mendes, 1º de Maio, Gov. Chagas Rodrigues, Dr.João Silva Filho, João Tavares Silva, Marquês de Paranaguá, Sen. Furtado e São Sebastião.
O serviço foi iniciado pela recuperação da Avenida São Sebastião, mas logo a obra parou. Não se sabe ao certo qual a razão. O ano era 2014, tínhamos por toda a cidade ruas intrafegáveis. Agora nem a “usina”, nem o serviço contratado pela prefeitura fora executado. E nenhuma explicação dada à cidade!
Ao assumir o governo do estado, Zé Filho, também licitou obra de pavimentação asfáltica para boa parte dessas ruas. Iniciou e realizou parte do serviço até os últimos dias de seu governo. Trechos historicamente condenados como a Av. Rosápolis, Padre José Vieira, 3 de Maio e José de Moraes Correia foram recuperados.
Vendo a necessidade de se dar continuidade com o serviço já licitado pelo ex-governador, a Prefeitura de Parnaíba, buscou retomar a parceria com o Governo do Estado para continuar com a obra de asfaltamento da cidade. Permaneceu a empresa PAC Engenharia que havia iniciado o serviço. Iniciou-se pela área central, mas vai contemplar as principais avenidas e ruas. Ao todo 180 mil metros quadrados de pavimentação asfáltica deverão ser distribuídas em mais de dez bairros de Parnaíba, dizem.
Beleza! A verdade não se pode esconder e algumas dúvidas persistem: Cadê a usina de asfalto? Cadê os recursos de 2013 daquela licitação que foi anunciada e não realizado o serviço? O prefeito levou 30 meses para tomar a iniciativa de recuperar a pavimentação, será pela reeleição ou tem outra motivação?
Cerco-me com o cuidado de não fazer a crítica pela crítica. Asfaltar a cidade é preciso, principalmente nos trechos que há muito não se deu nenhum serviço de manutenção, mas lembro que a pavimentação de ruas é a obra eleitoreira mais comum no Brasil em período de campanha ou pré-campanha. Primeiro por que a população desconhece os critérios técnicos e obras preliminares que devem anteceder o asfalto, que devem ser respeitados antes da pavimentação tais como construção de galerias pluviais, canaletas e meio fio que evitariam que o asfalto desgastasse e aumentaria sua durabilidade. Segundo pelo preço que gera para o “caixa de campanha”. Terceiro por que sua implantação de maneira não adequada como a que ocorre aqui e em tantos outros lugares, traz ganhos políticos imediatos para os que se utilizam desta artimanha, que ainda claramente eleitoreira, impacta muitos eleitores que se deixam enganar por este velho truque. O asfalto faz recuperar a “imagem” do gestor.
Não fosse a desfaçatez com que se anunciou a “usina”, as maranhas tecidas, a demora desta obra e o que realmente está por traz das iniciativas finais deste governo eu ficaria calado. Mas, não posso!
(*) Fernando Gomes, sociólogo, eleitor, cidadão e contribuinte parnaibano.