Sueco fez série de fotos sobre o sono de crianças que fugiram da guerra. 'Queria fazer algo que tocasse as pessoas', disse ele.
Lamar, iraquiana de cinco anos, foi clicada dormindo sobre um cobertor na floresta na fronteira entre a Sérvia e a Hungria (Foto: Magnus Wennman/Aftonbladet)
Quando a noite cai, Lamar, de cinco anos, dorme sobre um cobertor fino em uma floresta na fronteira da Sérvia com a Hungria, com frio, medo e saudade das bonecas que ficaram em sua casa em Bagdá, atingida por um bombardeio.
Quando a noite cai, Gulistan, uma síria de seis anos que vive como refugiada com a família na Turquia, prefere apenas fechar os olhos, e não dormir de verdade, para evitar os pesadelos recorrentes.
Quando a noite cai, Ralia, de 7 anos, e Rahaf, de 13, dormem abraçadas sobre caixas de papelão ao lado de seu pai nas ruas de Beirute, após terem perdido a mãe e um irmão em um ataque com granada em Damasco, na Síria.
Foto: Magnus Wennman/Aftonbladet
Ralia, de 7 anos, e Rahaf, de 13, perderam a mãe e um irmão em um ataque com granada em Damasco, na Síria, e agora moram com seu pai na rua em Beirute.
Quando a noite cai, a situação das crianças que fogem da guerra junto com a família pode se tornar ainda mais dramática. É o que mostra a série “Where the children sleep” (onde as crianças dormem), do fotógrafo sueco Magnus Wennman.
O fotógrafo sueco (Foto: Magnus Wennman/Arquivo pessoal)
De fevereiro a setembro deste ano, Wennman fotografou crianças refugiadas dormindo em abrigos, ruas, hospitais, florestas e fronteiras de seis países: Jordânia, Líbano, Turquia, Hungria, Sérvia e Grécia.
As fotos foram publicadas no jornal sueco "'Aftonbladet" (veja o link com relatos em inglês). São 22 retratos e histórias como as contadas no início desta reportagem.
Segundo o fotógrafo, a ideia era fazer algo que realmente “tocasse” o público. “Às vezes é difícil para as pessoas entenderem o conflito na Síria. Mas não é difícil entenderem que toda criança precisa de um lugar seguro para dormir”, relatou ele ao G1.
Wennman conta que se reuniu com a equipe no início de janeiro para pensar em como mostrar as dificuldades enfrentadas pelas crianças refugiadas de uma forma original.
"Eu tinha curiosidade de saber o que acontece quando a noite cai e as crianças vão para a cama. Seus sonhos, suas esperanças e suas histórias", afirmou.
Amadurecimento precoce
Fara, de dois anos, dorme na Jordânia; ela foi uma das crianças refugiadas retratadas na série 'Onde as crianças dormem', de Magnus Wennman (Foto: Magnus Wennman/Aftonbladet)
Em sua jornada, Wennman percebeu que muitas crianças nessa situação precisam amadurecer precocemente. “É muito difícil para uma criança deixar de ser criança, de brincar, de rir. Mas em alguns casos eu senti que elas tiveram que crescer e se tornar adultas cedo demais”, diz.
O fotógrafo tem um filho de cinco anos e diz que essa é uma das razões pelas quais se apegou ao projeto. “Eu sei como é importante para uma criança ter um lugar seguro para dormir”, afirmou.
Guerra longa
Pelo menos 9 milhões de sírios foram obrigados a deixar suas casas fugindo da violência e da crise econômica desde o início da guerra civil no país, há mais de quatro anos.
Muitos deles se deslocam dentro do próprio país ou para países vizinhos, como Turquia, Líbano e Jordânia. Outros vão para a Europa, em travessias arriscadas pelo mar e por terra na qual já morreram milhares de pessoas.
Segundo um balanço deste mês divulgado pela ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), mais de 250 mil pessoas já morreram no conflito sírio.
O OSDH registra 250.124 mortos, incluindo 74.426 civis e, dentro deste grupo, 12.517 crianças e 8.062 mulheres.
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Flávia Mantovani
Do G1, em São Paulo
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Flávia Mantovani
Do G1, em São Paulo