Catador de caranguejo vence barreiras e se torna empresário no Litoral do PI

Adilson Castro, 27 anos, dividia a árdua rotina com a graduação em turismo. Jovem criou a própria empresa e hoje vende passeios ao Delta do Parnaíba.

Adilson Castro é natural de Ilha Grande, no Litoral do Piauí (Foto: Adilson Castro/Arquivo Pessoal)

Dedicação e vontade de vencer. Essas são marcas do jovem Adilson Castro, 27 anos, natural de Ilha Grande, cidade turística no Litoral do Piauí, porta de entrada para o maior delta em mar aberto das Américas. O menino que enfrentou dificuldades e trabalhou parte da adolescência como catador de caranguejo para ajudar no sustento da família, hoje é turismólogo, especialista em gestão empresarial, turismo e comunicação e conseguiu abrir a própria empresa.

O jovem conta que começou a trabalhar na cata de caranguejo aos 17 anos, mas ressalta que também fazia trabalhos na roça e na pesca, pois tinha que acompanhar os pais nas atividades que garantiam a sobrevivência da família.

Mas as dificuldades não pararam por aí. Em 2006, quando tinha 18 anos, Adilson se tornou pai e precisou ralar ainda mais para sustentar o filho, que sofria com diabetes. Quatro anos depois, a criança faleceu por complicações da doença.

"Minhas conquistas eram para que ele tivesse uma vida melhor que a minha, mas infelizmente aconteceu isso", conta o rapaz.

Adilson Castro, é graduado em turismo pela UFPI (Foto: Adilson Castro/Arquivo Pessoal)

Mesmo com o tempo corrido, ele decidiu se dedicar aos estudos. A busca pelo curso superior aconteceu em2009 quando ele ingressou no curso de turismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Parnaíba, a cerca de 10 km de Ilha Grande.

"No primeiro ano foi muito complicado, pois ainda tinha que ir catar caranguejo para me manter e sustentar minha família. Dormia só três ou quatro horas por dia. Minha rotina iniciava às 3h da manhã, onde acordava para ir catar caranguejo, e finalizava por volta das 23h, quando chegava da universidade. Logo no segundo ano, as coisas melhoraram e já não dependia apenas dessa atividade para sobreviver", contou.

Um ano após ingressar na universidade, Adilson conseguiu criar a própria empresa com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Segundo ele, o empreendimento vem dando bons frutos e tem integração com a comunidade em Ilha Grande.

Adilson tem mais quatro irmãos e todos trabalharam na pesca e na agricultura, seguindo o ofício dos pais. A cidade de Ilha Grande é uma das mais visitadas do litoral piauiense, tendo o turismo como vetor da economia. Apaixonado pela terra natal, ele não se esquiva em demonstrar o amor pelo lugar que nasceu e destaca com orgulho as potencialidades do litoral piauiense.

"O Piauí tem pouco mais de 60 km de litoral. No entanto, temos praias belíssimas, com peculiaridades inigualáveis. Dentre elas, cito a praia de Barra Grande, que nos últimos anos teve grande destaque em âmbito nacional e mundial. E a praia da Pedra do Sal, com todo seu charme, além da enigmática formação rochosa em seu entorno", destacou.

Atualmente, Adilson integra a administração municipal na Secretária de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Meio Ambiente. Apesar do salto profissional conquistado, o rapaz segue se qualificando e buscando cada vez mais crescer no segmento de turismo. Além da pós-graduação em andamento, atualmente ele é graduando em Ciências Biológicas pela UFPI. Adilson ainda é presidente da Associação de Turismólogos da Rota das Emoções (Atre).