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14/01/2016

Homicídios no Piauí são mais do que o limite aceito pela ONU

Números da pasta de Fábio Abreu desrespeitam os limites previstos para países civilizados

VOCÊS ESTÃO DE BRINCADEIRA?

- Com Força Nacional e tudo_________

A GAFE DE MERLOG SOLANO...
A primeira indagação é se a coletiva convocada pela Secretaria de Segurança era um evento sério, técnico, ou se era um evento onde foi misturado um assunto sensível, homicídios, por exemplo, com propaganda governamental, e retórica política que ficou a cargo do secretário de Governo, Merlong Solano, do PT. Foi o cúmulo. E já é imaginada a constatação.

O que se viu depois da apresentação dos dados foi uma intensa comemoração. E pelo quê? Redução de quê? Morreram em 2015, até onde se sabe, 671 pessoas por crimes violentos letais intencionais, que incluem homicídio doloso, feminicídio, roubo seguido de morte (latrocínio), lesão corporal seguida de morte e estupro seguido de morte. Há o que comemorar, Merlong Solano? Você perdeu alguém em sua família vítima desse tipo de crime?

Há o que se comemorar numa situação dessas? Ah, mas é porque em 2014, no governo passado, existiram 736 casos como esses. Calma, Merlong, aqui não é política, está se tratando de vidas, embora se saiba que para políticos todos os temas podem ser politizados, pesados, medidos, e quando não convenientes, descartados.

A CEREJA DO BOLO
Para piorar, no material entregue para a imprensa tinha lá “Vidas Poupadas”, que seriam 67. Ora, se poupa o que se tem, não o que não se tem.

Além de que dá forma como está, é como se a regra fosse morrer vítima de morte violenta. E não o é, frisem bem isso. Mas as infelicidades se somam. Vejam só...

VIDAS POUPADAS? ENTÃO A REGRA É MORRER 736 POR ANO?
ÍNDICE DE HOMICÍDIO NO PIAUÍ É ACIMA DO ACEITO PELA ONU
Mais uma vez o estado do Piauí, e agora com Força Nacional e tudo – lembrem-se também desse detalhe – não conseguiu atingir o nível aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), órgão com sede em Genebra, na Suíça, no tocante ao número de homicídios.

Essa agência especializada em Saúde, subordinada à Organização das Nações Unidas (ONU), no que diz respeito aos números de homicídios por grupo de 100 mil habitantes, tem como limite aceitável a quantia de 10/100mil habitantes.

Pelos números apresentados pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí, o estado, que possui 3 milhões de habitantes, portanto, 30 grupos de 100 mil, registrou em 2015, 611 homicídios dolosos.

Ou seja, 20,36 mortes por grupo de cada 100 mil habitantes. Um absurdo.

Isso não é índice de país e estado civilizado. Houve redução? Houve. Mas a Força Nacional está morando no estado. Não haveria de ter reduzido de 688 para 611, no comparativo entre 2014 e 2015?

E mais, o número pode aumentar, devido a corpos enterrados que estão sendo achados. Morreram esse ano, morreram ano passado ainda?

Absurdo maior ainda quando se pensa que qualquer morte violenta, com intenção de matar, é uma aberração. E aqui o Estado como um todo peca, e não só a polícia. Seria exigir demais da instituição, que procura fazer sim seu trabalho - em partes, mesmo diante da parca estrutura.

Quer ver? Houve uma redução no número de roubos de carros mesmo com o aumento da frota. Caiu de 2.490 em 2014 para 2.221 em 2015, uma redução de 10,80%.

Porém, mais de 2 mil carros foram roubados no estado.

APREENSÃO DE ARMAS DE FOGO? ESTÁVEL. É PRECISO MAIS...
A Secretaria de Segurança, em seu detalhamento para a imprensa, apresentou o número de apreensões de arma de fogo, um dos principais elementos criminogênicos junto com a questão das drogas. E parece estável. Sem aumentos significativos. Mas é preciso eliminar as armas de fogo das ruas.

Em 2014, existiram 572 apreensões; já em 2015, com a presença da Força Nacional, que realiza um trabalho ostensivo, foram somente 583.

Elas sumiram das ruas então? Daí a constância nos números de apreensão? Impossível. E, como se percebe, elas existem, porque continuam matando mãe de família em farmácia, filho de policial quando saia para a universidade. De onde estão vindo essas armas?

Os próprios números evidenciados mostram que na capital a arma de fogo mata mais do que a arma branca, tipo a faca, por exemplo.

Já no interior, até por que há um outro perfil social, a arma branca é mais utilizada.

VIOLÊNCIA GANHA CORPO NO INTERIOR
Mas essa prática pode migrar para o interior. Os números oficiais também apontam que a quantidade de mortes violentas nessa região do Piauí aumentou.

Em 2014 ocorreram em 97 municípios, em 2015, aconteceram em 99.

O número de crimes violentos letais intencionais no interior subiu no ano 2014 para 2015 de 290 para 311 casos.

Destes 311, 284 foram homicídios. Enquanto que em 2014, o registro foi de somente 266 homicídios.

A violência, como já apontavam alguns estudos, está migrando para uma interiorização. Ocorreu no Brasil, e passou a ocorrer no Piauí.

E os efeitos já começaram a ser sentidos. Estão aí os números.

E A RESOLUTIVIDADE DOS CRIMES VIOLENTOS LETAIS INTENCIONAIS?
A cúpula da Segurança Pública do Piauí, que levou o secretário de Governo a tira colo desnecessariamente para tratar de política, também não divulgou o número de resolutividade dos crimes violentos letais intencionais ocorridos no ano passado, grupo no qual estão inclusos os homicídios.

COMO SABER SOBRE A EFICIÊNCIA DA POLÍCIA EM SUA TOTALIDADE?
Mais: quantos Boletins de Ocorrência foram registrados? Quais as principais ocorrências? Qual o grau de resolutividade?

O 180 acompanha cerca de quatro queixas, uma na Delegacia do Idoso, que nunca foram para frente. Uma das testemunhas já até cansou de esperar para ser intimada.

Esses casos logo, logo virão à tona. Eles são um pequeno indício de quer ir na delegacia registrar queixa é desestimulante, porque quase sempre, quase nada acontece.

Outra, qual Distrito Policial ou Delegacia Especializada é mais eficiente? Como se saber, sem esses números.

AUMENTO DO NÚMERO DE ROUBOS
Também foi detectado o aumento no número de roubos, excetuando-se latrocínio - roubo seguido de morte, e ainda roubo de veículos -, registrados nos distritos policiais de Teresina.

Em 2014 foram 15.992. Já em 2015 foram nada menos do que 17.096.

Esses assaltantes, alguns com armas de fogo na mão, fazem a situação ser uma perigosa zona de risco para o aumento do número de mortes violentas intencionais.

Daí a importância de lutar pela erradicação de arma de fogo no estado, dando o exemplo para o Brasil, deixando elas somente com as autoridades competentes e legalmente autorizadas.

POR ÚLTIMO...
Cadê as operações para pegar os corruptos? Um exemplo: servidores do DETRAN estão denunciando que a fiscalização nas autoescolas estão sendo relaxadas porque um dos diretores da instituição está se preparando para ser candidato a vereador.

Casos como esses, e outros, com possíveis indícios de corrupção, a Secretaria de Segurança Pública, junto com a Polícia Civil, nem chegam perto.

E é preciso se chegar aos grandes. Já há o risco de ter um secretário de Segurança político, ficar à frente desse órgão sem fazer nada contra a corrupção que envolve os colegas de colarinho branco, é um risco.

É PRECISO MUITO MAIS...
Quando da apresentação dos números no início de 2015, se disse que era preciso mais.

Continua-se com o mesmo pensamento.

É preciso muito mais.

Fonte: 180/Blogueiro: Rômulo Rocha

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