Venda dos carros seria para pagar direitos trabalhistas de funcionários. Arqueóloga denuncia o atraso nos repasses para a Serra da Capivara.
Arqueóloga e presidente da Fumdham, Niéde Guidon (Foto: Pedro Santiago/G1)
A arqueóloga, diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano
(Fumdham) e também administradora do Parque Nacional Serra da Capivara,
patrimônio arqueológico internacional, ameaça a venda dos veículos do
parque para poder pagar direitos trabalhistas de pelo menos 80
funcionários que foram demitidos em 2015 da Fundação.
Ela contou que a decisão se deu por conta de repasses que o parque
ainda não recebeu. Em 2016, por exemplo, ela contou que não foram
repassados nenhum valor e lamentou um 2015 ao qual ele definiu como
"muito difícil".
Niéde diz que a manutenção do Parque Nacional da Serra da Capivara
custa em todo de R$ 6 milhões por ano, dinheiro que vinha da união e de
compensações ambientais.
"O que acontece é que não estamos mais recebendo esses repasses que
eram feitos naturalmente todos os anos, e garantia a manutenção do
parque. Mas infelizmente, o governo mudou a lei de compensação ambiental
e as empresas não são mais obrigadas a passar esse valor diretamente
para as instituições, mas sim, mandam para Brasília, para o fundo de
compensação ambiental. Então nós estamos praticamente no fim", contou.
Serra da Capivara (Foto: André Pessoa/Arquivo pessoal)
A manutenção, segundo alguns dos poucos funcionários que sobraram no
Parque, fica prejudicada. Segundo a direção do parque, 16 das 28
guaritas foram fechadas. Sobrecarregado, em uma delas, o agente de
manutenção José Pedro reclama da dificuldade de cuidar de mais de 16 km
de estradas e trilhas todos os dias.
"Como a gente tem o prazer de cuidar do parque, para que os acessos
fiquem melhor, a gente sempre estende um pouco mais além do que podia
fazer. Mas sem os recursos, não temo como mantermos isso", contou.
O dinheiro que poderia ser arrecadado com as visitações no parque
poderia injetar no parque mais de R$ 84 milhões por ano, bem mais
necessário do que o precisaria para manter o parque. Mas o impasse no
aeroporto da região que foi inaugurado no ano passado, está fechado,
ainda não recebe vôos comerciais e está totalmente parado.
"O ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) não
está sendo protegido. Nós agora estamos mantendo seis guaritas abertas,
com recursos que o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional) nos mandou, mas só foram R$ 400 mil. Dá para manter o parque
durante uns três a quatro meses, e só", contou.
Resposta
Em nota, o Governo do Estado informou que negocia com uma empresa aérea
a oferta de voos regulares para o Aeroporto Serra da Capivara, em São
Raimundo Nonato, e contou também que oferece isenção de tarifas e
subsídios às empresas. O governo se propôs ainda a patrocinar
publicidade nas aeronaves.
A nota diz ainda que o Governo trabalha um plano para desenvolver o
turismo na região. As ações vão desde o treinamento e capacitação de
guias e trabalhadores de hotéis, pousadas e restaurantes até a
divulgação e promoção do roteiro turístico da região dentro e fora do
Brasil, como forma de atrair turistas.
Fonte: G1 PI