O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o aeroporto de Congonhas após dar depoimento por três horas e chegou, por volta das 12h40, no diretório do Partido dos Trabalhadores, no centro de São Paulo.
No diretório, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, está reunido com a Executiva Nacional do PT para uma reunião extraordinária.
Lula é um dos alvos da 24ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (4).
A Polícia Federal foi ao prédio de Lula e de seu filho Fábio Luíz Lula da Silva -também conhecido como Lulinha. Essa fase da operação, batizada de Aletheia, apura se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai favoreceram Lula por meio do sítio em Atibaia e o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega as acusações.
Falcão classificou a operação dessa sexta como "política, midiática e policialesca". "O momento é de vigília e de reflexão."
Em vídeo, Falcão conclama a militância petista a entrarem em "vigília". "Nesse momento grave, em que se monta uma operação política, um espetáculo midiático em torno do presidente Lula e sua família, conclamamos todos os diretórios em todos os estados a entrarem em vigília" e aguardar os desdobramentos do depoimento.
Instituto Lula diz que ação da PF foi 'arbitrária, ilegal e injustificável'
Em nota, o Instituto Lula afirmou nesta sexta-feira (4) que a ação da Polícia Federal que realizou buscas na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o prestar depoimento foi "arbitrária, ilegal e injustificável".
Perto das 8h40, Lula foi levado para o Aeroporto de Congonhas, em um carro descaracterizado, para depor à PF. Às 8h51, ele prestava depoimento dentro do aeroporto. Ele não foi preso e, após o depoimento, deve ser liberado.
"A violência praticada hoje (4/3) contra o ex-presidente Lula e sua família, contra o Instituto Lula, a ex-deputada Clara Ant e outros cidadãos ligados ao ex-presidente, é uma agressão ao estado de direito que atinge toda sociedade brasileira. A ação da chamada Força Tarefa da Lava Jato é arbitrária, ilegal, e injustificável, além de constituir grave afronta ao Supremo Tribunal Federal", diz o texto divulgado pelo instituto que representa o ex-presidente.
LULA É LEVADO PELA PF PARA DEPOR
A Operação Lava Jato, que começou em março de 2014 e investiga um esquema bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas, chegou na 24ª fase nesta sexta-feira (4). Segundo a PF, a operação ocorre na casa do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, em São Bernardo do Campo, e em outros pontos em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia.
O ex-presidente é alvo de um dos mandados de condução coercitiva e será obrigado a prestar esclarecimentos, segundo a Polícia Federal. O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, também é alvo de outro mandado de condução.
A ação foi batizada de “Aletheia” e é uma referência a uma expressão grega que significa “busca da verdade”.
Ao todo, foram expedidos 44 mandados judiciais, sendo 33 de busca e apreensão e 11 de condução coercitiva - quando a pessoa é obrigada a prestar depoimento.
De acordo com a PF, entre os crimes investigados nesta etapa estão corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros praticados por diversas pessoas no contexto de esquema criminoso revelado e relacionado à Petrobras.
23ª fase
A 23ª fase, batizada de Acarajé, foi deflagrada no dia 22 de fevereiro e prendeu o marqueteiro do Partido dos Trabalhadores (PT) João Santana, além de mulher dele Monica Moura. João Santana e a mulher Mônica Moura são suspeitos de receber US$ 7,5 milhões em conta secreta no exterior. A PF suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Lava Jato.
Ele é publicitário e foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff (PT) e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006.
Acarajé era o nome usado pelos suspeitos para se referirem ao dinheiro irregular. A PF suspeita que os recursos tenham origem no esquema de corrupção na Petrobras investigado na Operação Lava Jato. Uma das principais linhas de investigação são os repasses feitos pela Odebrecht ao marqueteiro.
Foto: Renan Marra/Folhapress. Fotos mostram visita de Lula a triplex em Guarujá
A pedido da PF e do MPF, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na 1ª instância, decidiu converter a prisão temporária do casal para preventiva. Com isso, eles ficarão presos por tempo indeterminado.
O Instituto Lula, por meio de uma nota divulgada em janeiro, já admitiu que o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva esteve no triplex do Guarujá antes do apartamento ser reformado, em companhia da esposa, dona Marisa, e de Léo Pinheiro, sócio da empreiteira OAS. Um funcionário da OAS, em depoimento ao Ministério Público, afirma que se tratou de uma visita para entrega de chaves do apartamento. O Jornal Nacional teve acesso a fotos que mostram, pela primeira vez, Lula fazendo pessoalmente essa vistoria no apartamento.
As fotos são o registro de uma visita ilustre. Pela porta entreaberta, em uma das imagens, é possível ver o encontro do ex-presidente Lula com o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, que aparece de costas.
Em outra foto, além de Leo Pinheiro, logo atrás de Lula, também aparece o diretor de incorporação da OAS, Roberto Moreira. Quando a imagem é aproximada é possível ver o número do apartamento vizinho – o 163.
O apartamento onde está o ex-presidente Lula é o 164-A, do Condomínio Solaris, em Guarujá, que está sendo investigado pela Operação Lava Jato e pelo Ministério Público Estadual de São Paulo.
A visita já foi admitida pelo Instituto Lula, em nota em que confirma que o ex-presidente esteve na unidade 164-A, um triplex de 215 m2, em uma "única ocasião", em 2014, acompanhado da mulher, Marisa Letícia, e de José Adelmário Pinheiro, o Léo Pinheiro, sócio da OAS.
A foto, tirada do hall de acesso aos apartamentos, registra uma vistoria padrão de entrega de chaves, segundo depoimento aos promotores paulistas dado por Wellington Carneiro da Silva, que na época era o assistente de engenharia da OAS, incumbido de fiscalizar as obras do Edifício Solaris.
Fonte: Com informações do G1 e O Tempo