A mãe da menina, que morreu intoxicada possivelmente em ritual de magia negra, denunciou nesta sexta-feira (29) que está sendo vítima de intolerância religiosa. A informação foi confirmada pelo advogado Lenoel Vieira, que defende Ana Cléa da Silva, mãe biológica da garota que morreu ontem no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
Na manhã de hoje, o advogado esteve na Delegacia de Proteção a Criança e ao Adolescente e falou com a delegada Tatiana Trigueiro, que acompanha o caso.
O advogado Lenoel Vieira confirmou que a mãe da garota é adepta da umbanda e que não participava de ritual de magia negra. Ela frequentava o terreiro no povoado Flor do Campo na zona rural de Timon (MA). Segundo o advogado, por ela ser umbandista as pessoas estão usando isso para acusá-la de ter provocado a morte da filha.
“Ela está à disposição da justiça e se encontra muito abalada, chorando muito e sendo perseguida por ser adepta da umbanda. Ela está sofrendo intolerância religiosa com agressões verbais e insultos”, disse o advogado ao Cidadeverde.com.
Segundo o advogado, a mãe buscou a cura da filha através da fé e nunca pensou em lhe fazer mal.
“Ela está com a consciência tranquila e quer saber as causas da morte da filha. O brasileiro em geral é um povo de muita fé e quando não encontra cura na medicina, busca a cura nas religiões católicas, evangélicas nos terreiros”, disse.
Agilidade em resultado nos laudos
A família da garota Francisca Alice Silva Barreto pediu agilidade no resultado dos exames para saber as causas da morte da menina. Vários exames aguardam resultados como o toxicológico, de sangue, o necrotério e as análises no liquido que foi entregue a Polícia que a menina estaria bebendo para curar uma asma.
“A criança apresenta saúde fragilidade desde a infância e todas às vezes a mãe buscou os hospitais públicos. Aguardamos os resultados dos laudos periciais que são fundamentais para resolver em definitivo o caso”.
Entenda o caso
A garota Francisca Alice Silva Barreto, 10 anos, deu entrada no HUT no dia 14 deste mês com suspeita de intoxicação e marcas de torturas. Segundo o Conselho Tutelar de Teresina, ela pode ter sido vítima de possível ritual de magia negra. Ela estava em coma profundo, com a cabeça raspada e lesões pelo corpo, a maioria com cicatrizes em forma de cruz.
Além da morte da garota, o conselho investiga denúncias de torturas de outras crianças em rituais religiosos. São cerca de 20 casos no total, que vieram à tona após a internação da menina, diz o órgão.
Flash Yala Sena
yalasena@cidadeverde.com