12/06/2016

Crítica do filme: 'de bom, cinebiografia de Frank Aguiar só tem intenções'

Alexandre Agabiti Fernandez fez uma crítica do filme de Frank Aguiar, Os sonhos de um sonhador, que estreou esta semana, para a Folha, confira:

A redundância do título da cinebiografia do popularíssimo músico Francineto Luz de Aguiar, o Frank Aguiar, não pressagia algo acertado. É um filme cheio de boas intenções, mas simplório no roteiro e canhestro na direção.

A trajetória de Aguiar –que nasceu na remota Itainópolis, no Piauí e se tornou um dos maiores nomes do forró– é apresentada como uma sucessão de provações, numa exaltação da moral da superação, muito em voga atualmente.

Vivido por Gustavo Leão, o cantor e tecladista é descrito como quem sabe o que quer e que usa tudo o que tem à mão para atingir seu objetivo. O verdadeiro Frank empresta a voz em comentários e aparece pessoalmente no final.

Ainda menino, aprendeu a tocar violão e teclado sozinho; no fim dos anos 1970 foi a Teresina fazer o ensino médio e pouco depois começou a tocar em bares para sobreviver; cursou a faculdade de música contra a vontade do pai e no começo da década de 1990 foi tentar a sorte em São Paulo.

Aqui, logo conheceu Alemão (Chico Anysio), um importante produtor, que foi imediatamente seduzido pelo forró tocado em teclados eletrônicos –marca registrada do músico. Mas o sucesso não chegou facilmente. Aguiar teve de divulgar o próprio trabalho, distribuindo fitas cassete para vendedores ambulantes e colando cartazes de seus shows pelas ruas.

E, quando o sucesso finalmente chega, com a primeira apresentação na televisão, ainda nos anos 1990, o filme termina abruptamente. O dado mais recente é a homenagem que o músico recebeu em 2006, quando foi o tema do enredo da escola de samba paulistana Tom Maior.

E não há nenhuma menção à política. Frank foi deputado federal entre 2007 e 2009, ano em que se tornou vice-prefeito de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, cargo que ocupa até hoje.

O filme tem uma história atribulada. Rodado em 2009, foi feito com muitas dificuldades: não pôde captar recursos via leis de incentivo pelo fato de Frank ocupar um cargo público. Isso certamente explica várias inconsistências da narrativa, a insistência no merchandising, as dificuldades para a finalização.

A escolha do estreante Gustavo Leão para o papel central se deve certamente a razões financeiras. Sua interpretação voluntariosa se revela bastante problemática. Por outro lado, a participação de Chico Anysio decepciona: o veterano, em um dos seus últimos papéis no cinema, parece disperso, pouco comprometido.

Fonte: Com informações da Folha

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