Jovens têm desenvolvido diversas atividades junto às comunidades. Foco da expedição é estruturar e promover o turismo de viés comunitário.
Crianças do Sítio do Mocó fizeram visita guiada pelo parque (Foto: Expedição Serra da Capivara/Diulgação )
Moradores que vivem no Sítio do Mocó, localizado ao pé da monumental Pedra Furada, em São Raimundo Nonato, Sul do Piauí, estiveram pela primeira vez neste sábado (16) no Parque Nacional Serra da Capivara, um dos maiores acervos de arte rupestre das Américas. A iniciativa de levar os moradores até o local foi de estudantes voluntários de diversas universidades do país que há uma semana estão em expedição pelo estado.
A primeira etapa da Expedição Serra da Capivara, articulada em rede e bancada pelos próprios participantes, com apoio das instituições locais, é uma missão de reconhecimento das comunidades ligadas à unidade de conservação e da infraestrutura turística local. O objetivo: compreender, estruturar e promover o turismo de viés comunitário, utilizando tecnologias globalizadas (como os sites de hospedagem) que facilitem a geração de renda para os moradores e o parque.
Jovens conduzirão pesquisa de campo até o final do mês (Foto: Expedição Serra da Capivara/Diulgação)
Durante toda essa primeira semana de pesquisa, os estudantes conviveram com a população do Sítio do Mocó e também visitarão a partir desta segunda-feira (18) a comunidade do Nova Zabelê, que foi desapropriada pela demarcação da área federal há mais de 30 anos e até hoje não se adaptou ao propósito turístico do parque nacional, criado pelo Decreto Federal 83.548/1979.
“Foi uma surpresa chegar no Sítio do Mocó, o povoado foi muito receptivo. Nesses dias além de ouvir a comunidade desenvolvemos atividades com as crianças em uma escola que estava fechada. As atividades foram realizadas com o intuito de resgatar os patrimônios desde o individual, da comunidade e por final o parque. Na primeira atividade muitas crianças desenharam a pedra furada. Isso já mostrou o elo que o povoado do Mocó tem com o parque”, falou Alessandra Costa, 33 anos, professora de arte e estudante de pedagogia
A Pedra Furada na Serra da Capivara é um dos
pontos mais visitados (Foto: Pedro Santiago/G1)
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Outro grupo de universitários se juntará à expedição na quinta-feira (21), para substituir a primeira equipe e conduzir uma nova pesquisa de campo, que segue até o fim do mês.
“A expedição é o início de um projeto de longa duração. A ideia foi lançada em junho no Facebook (#expediçãoserradacapivara), obteve mais de mil curtidas e atraiu dezenas de colaboradores”, conta Maria Vitória Ramos, coordenadora da iniciativa.
O grupo também deu início à campanha de financiamento coletivo (crowdfunding) do projeto para arcar com as despesas da viagem. Aluna do segundo ano de Jornalismo da Cásper Líbero, em São Paulo, Maria Vitória, 20 anos, conheceu o parque pela primeira vez em 2011, durante uma excursão escolar.
“Queremos aproveitar o fato de que somos jovens ‘de fora’, uma novidade, para articular a população com as instituições locais, visando o desenvolvimento do turismo na região”, explica.
Dentre as iniciativas propostas pela expedição está orientar os interessados na criação de albergues (hostels); capacitá-los no uso de sites de hospedagem e desenvolver atividades que promovam o turismo de aventura e esportes. “Enquanto o parque não gera renda, ele não faz sentido para as comunidades. Os hotéis de São Raimundo Nonato, por exemplo, não atendem às exigências do turista de classe alta e tampouco são acessíveis para o turismo de baixo custo”, observa a estudante Maria Emília Ribeiro, outra coordenadora do projeto
“Pretendemos melhorar a estrutura turística para aumentar a renda local, por meio de ferramentas consolidadas nesse mercado”, diz Emília.
“O parque é pouco divulgado, muita gente ainda nem ouviu falar dele. Precisamos promover o destino, as hospedagens e o que ele tem para oferecer. Se tivesse uma divulgação boa, haveria mais turismo”, completou Paula, proprietária de um restaurante na região do Sítio do Mocó.
A Expedição Serra da Capivara foi encorajada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), onde virou um projeto de extensão. De São Paulo, a Agência Agávea de Produção e a Faculdade Cásper Líbero também garantiram apoio, além da agência Ecoturismo Cultural, do Mato Grosso, que tem interesse em promover a região como destino turístico.
O Parque Nacional da Serra da Capivara, uma das únicas áreas de preservação da caatinga brasileira, guarda centenas de sítios arqueológicos e paleontológicos, com pinturas rupestres e outros vestígios milenares que justificam o tombamento de 135 mil hectares pelo governo federal e o título de Patrimônio Cultural da Humanidade (Unesco).
Fonte: G1 PI