A preferência de Sarah é algo não muito comum no esporte de alto rendimento. Geralmente, as atletas preferem disputar as competições mais importantes após a menstruação
Sarah se concentra durante treino da seleção neste sábado (Foto: Marcio Rodrigues/MPIX/CBJ
Sarah Menezes encontrou dentro do seu corpo uma forma de estar mais forte na busca pelo bicampeonato olímpico consecutivo do peso-ligeiro (48kg). Após anos de testes, a judoca percebeu que rendia melhor no tatame quando estava menstruada, pois se sentia mais forte e determinada. Com ajuda da ginecologista da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Tathiana Parmigiano, a piauiense de 26 anos entendeu que isso acontece, por conta do aumento da testosterona, hormônio que promove força, e, com auxílio da médica, reprogramou o seu ciclo menstrual para que ela esteja “naqueles dias” daqui a uma semana, no dia 6 de agosto, quando defenderá o seu título olímpico na Arena Carioca 2, no Parque Olímpico da Barra.
– Eu regulei meu ciclo e vou estar menstruada no dia da competição na Olimpíada. Isso me ajuda, mas tem atleta que tem TPM, tem atleta que sangra mais. Eu acredito que fico mais forte e mais determinada, e isso pode me ajudar bastante nas lutas – comentou Sarah, após o treinamento da seleção brasileira, neste sábado, em Mangaratiba (RJ), local da luxuosa concentração do judô nacional para a Rio 2016.
A preferência de Sarah é algo não muito comum no esporte de alto rendimento. Geralmente, as atletas preferem disputar as competições mais importantes após a menstruação, quando há um aumento de estrógeno e uma maior liberação de noradrenalina, que aumentam a motivação e melhoram o desempenho nas atividades físicas.
– A Sarah se sente melhor para lutar quando está menstruada. Mas tem umas atletas que se lutarem menstruadas, não conseguem lutar bem, e outras fiquem muito emotivas e também não conseguem se dar bem. No caso da Sarah é programado para que ela fique menstruada na época de lutar, como vai acontecer agora na Olimpíada – explicou a técnica da seleção brasileira feminina, Rosicleia Campos.
Em boa fase e já com o peso de 48kg para fazer a sua terceira participação olímpica, Sarah também vem cuidando bastante da parte psicológica. Na concentração, em Mangaratiba, ela passa por sessões quase diárias com a psicóloga Luciana Castelo Branco, que era do staff pessoal de Menezes até os Jogos de Londres 2012 e acabou sendo contratada pela CBJ após o vitorioso trabalho antes da disputa na Inglaterra.
– O corpo e a cabeça precisam estar em ordem para eu poder colocar para fora tudo que eu treinei, tudo que eu sei. Cuido dos dois. Esse trabalho psicológico me ajudou muito a ser campeã olímpica e vai me ajudar também no Rio – disse a peso-ligeiro.
Apesar de estar mais forte e determinada por conhecer muito bem o próprio corpo, Sarah deixa o seu favoritismo de lado e avisa que não terá moleza na Olimpíada. As principais rivais são a japonesa Ami Kondo, a mongol Urantsetseg e a argentina Paula Pareto.
– A minha categoria tem pelo menos 15 atletas fortes. Estou fazendo tudo para chegar muito bem e fazer o meu melhor no dia. Espero que eu consiga desempenhar tudo que eu sei para lutar muito bem. Vou pensar luta a luta para depois pensar em medalha.
Fonte: O Olho