Maria das Graças é da cidade de José de Freitas e o cabelão mede 1,20 m. A ideia surgiu há dois meses após o filho desaparecer na saída da escola.
Filho é quem ainda ajuda a mãe a cuidar do cabelos (Foto: Juliana Barros/G1)
Uma mulher no interior do Piauí quer vender os cabelos, que não corta há quatro anos, para conseguir dinheiro, comprar um transporte e levar o filho para a escola. As madeixas de Maria das Graças de Oliveira Sousa, de 32 anos, medem 1 metro e 20 centímetros e o desejo é comprar uma motocicleta com a venda das madeixas. Maria das Graças mora no bairro Maria Do Carmo, em José de Freitas, localizado a 52 km de Teresina.
A ideia de ter o cabelo como uma fonte de renda começou quando ainda era adolescente e deixou o cabelo alcançar um longo comprimento pela primeira vez. Na época, conseguiu vender por R$ 80 e com o dinheiro ajudou nas despesas da casa. Em 2012, resolveu parar de cortar e deixar crescer mais uma vez, mas, na época, sem um objetivo específico, que só surgiu mesmo há cerca de dois meses quando o filho desapareceu na saída da escola.
Maria das Graças não corta há 4 anos e cabelo já mede 1,20 m (Foto: Juliana Barros/G1)
Sem muita condição, a família, formada por ela, o marido Antônio José, de 42 anos e o filho Mateus, de 12 anos, conta apenas com a renda do marido , que tem um bar e trabalha como mototaxista, pouco mais de um salário mínimo. Maria das Graças trabalhava como babá, mas no momento está desempregada.
“Nossa casa fica a mais de 30 minutos da escola do meu filho e ele todo dia é o último a chegar e o último a sair, pois tenho que ir deixar e pegar de bicicleta. É muito longe e tem dia que ele termina se atrasando. O pai às vezes vai buscar e deixar, mas como tem o trabalho sempre atrasa. Uma vez, como o pai não apareceu na escola ele foi caminhando para a casa da vó. Quando eu cheguei na escola que ele não estava e ninguém sabia dele fiquei louca, ainda mais depois de rodar por vários locais na cidade por mais de horas e não conseguir notícias dele. Entrei em desespero e desde esse dia botei na minha cabeça que ia vender o cabelo e comprar uma moto, mesmo que fosse usada”, disse a dona de casa.
Maria está desempregada e vê nos cabelos uma ajuda para a família (Foto: Juliana Barros/G1)
Para cuidar dos longos fios o custo é um pouco alto, já que um frasco de xampu com 350 ml dura apenas 20 dias, mas para economizar ela cuida sozinha do cabelão. “Fiz um curso de graça de cabeleireiro, pra aprender a cuidar do meu e como uma possibilidade de trabalho. Só tenho a ajuda do meu filho que morre de ciúme do meu cabelo, mas de resto cuido sozinha. Uso reparador de ponta para não embaraçar e lavo bem lavado a cada dois dias. Dá um pouco de trabalho, mas já estou acostumada”, contou.
Ela conta que já recebeu algumas ofertas de São Paulo, Bahia e Brasília, mas achou o valor muito baixo e por isso ainda não aceitou. “As pessoas já me ofereceram até R$ 1 mil, mas ainda não dá para comprar a moto e acho pouco. Meu cabelo é todo natural, nunca fiz nenhuma química. Não vou cortar enquanto não tiver um valor que dê pra comprar a moto, que eu já vi de R$ 2,5 mil”, disse.
O transporte, para ela, é mais que uma ajuda é, a esperança de um futuro. “Eu só estudei até a quinta série, por que morava no interior e o transporte até a escola era muito difícil e logo tive que começar a trabalhar pra ajudar minha família, não quero o mesmo futuro para o meu filho. A gente só muda essa vida com estudo, tenho esperança que ele vai conseguir e vou sempre fazer de tudo pra ajudar. Consegui muito apoio da família toda, tenho fé que vou conseguir”, disse emocionada.
Fonte: G1/PI
Fonte: G1/PI