05/03/2018

Ministro do Supremo ironiza cultivo dos “corruptos de estimação” e cita a imprensa

“Se for do partido dos meus amigos, se for o dos meus colegas de mesa, de copo, ou de salão, aí não tem problema”, ironiza

Por Rômulo Rocha – De Brasília

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- Luís Roberto Barroso também criticou a corrupção na imprensa: “esse povo está em toda parte. Nos altos escalões dos poderes da República. Na imprensa. Onde menos seria de se esperar, você tem militantes empenhados na operação abafa”

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Luís Roberto Barroso em palestra no plenário do TCE-PI (Foto: Tiago Amaral) 

O RETRATO DO PAÍS


Em seu contundente discurso contra a corrupção e os corruptos durante palestra no Tribunal de Contas do Estado do Piauí última semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso citou e ironizou o cultivo no Brasil de “corruptos de estimação”, que são aqueles mais próximos, defendidos por grupos sólidos, seja político ou empresarial, que não enxergam a prática em si mesmos, mas somente nos outros.


“O corrupto são os outros, é o do partido que eu não gosto. Mas se for do partido dos meus amigos, se for o dos meus colegas de mesa, de copo, ou de salão, aí não tem problema, porque afinal, são os nossos corruptos". E na visão do magistrado, "é com isso que se é preciso acabar, com esse pacto de compadrio que existe no andar de cima, de autoproteção, de gente que vive com dinheiro dos outros, vive com dinheiro desviado, vive com dinheiro que não vai para a saúde, que não vai para a educação, que não vai para as estradas, não salva vidas".
Para Luís Roberto Barroso, “a corrupção no Brasil é produto de um pacto oligárquico celebrado entre parte da classe política, parte da classe empresarial e parte da burocracia estatal, para saque do estado brasileiro, para desvio de dinheiro do estado, e portanto, não é fácil desmontar essa estrutura, que em toda parte naturalizou coisas erradas e as pessoas já nem percebem as coisas erradas acontecerem”, embora acredite que “agora muitos já perceberam” e daí o enfrentamento da “grande e compreensível reação”.

OS QUE NÃO QUEREM SER HONESTOS...
... E A CORRUPÇÃO NA IMPRENSA, EM “OPERAÇÕES ABAFA”

O integrante do Supremo apontou ainda dois tipos de corruptos em meio ao lodaçal brasileiro, sendo um deles o mais grave e preocupante.

“Há hoje, no Brasil, entre os representantes da velha ordem, duas categorias muito distintas. [Uma é] a dos que não querem ser punidos pela imensa quantidade de malfeitos que fizeram. Mas há um lote pior: que é o dos que não querem ficar honestos nem daqui para frente. E é imensa a quantidade de pessoas que milita na manutenção desse extrato de corruptos. Eles não sabem viver honestamente. Então vão ter que nascer de novo. Gente que acostumou a viver com dinheiro dos outros. Gente que acostumou a viver tomando o que é dos outros. São ladrões compulsivos. Não é fácil”, desabafou.

O ministro também falou da corrupção no seio da imprensa, através de operações abafa, além da existência da prática maléfica em outras partes inimagináveis. “Esse povo está em toda parte. Nos altos escalões dos poderes da República. Na imprensa. Onde menos seria de se esperar, você tem militantes empenhados na operação abafa. Aquela visão de que há corruptos que eu não gosto, mas há corruptos que eu gosto. Mesmo assim, é preciso empurrar a história para que essas pessoas sejam finalmente afastadas para a margem da história e que o Brasil possa seguir o seu caminho”, pontuou.

Fonte: 180

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