Há um ano, a equipe da TV Clube mostrou que os estudantes utilizavam uma boia para atravessar o rio Longá e chegar à escola.
Estudantes ainda usam boias para atravessar rio e ir a escola no Piauí
O drama das crianças do povoado Passagem da Nega, na Zona Rural de Campo Maior, 78 km de Teresina, para chegar até a escola, continua. Há um ano, a equipe da TV Clube e o G1 mostraram que os estudantes utilizavam uma boia para atravessar o rio Longá e chegar à escola. A equipe de reportagem voltou ao local e descobriu que pouca coisa mudou por lá.
As crianças continuam fazendo a travessia utilizando uma boia. No entanto, isso não acontece todos os dias. A travessia perigosa é feita somente nos dias em que a van, contratada pela Prefeitura da cidade, não passa.
A Prefeitura de Campo Maior colocou uma van para fazer o deslocamento dos estudantes por outro caminho que não precisa passar pelo rio. “O prefeito criou uma rota alternativa, mas este percurso aumenta a distância em cerca de 35 km. O percurso normal se tivesse a ponte seria de 8 km”, afirmou o professor Jefferson Evangelista.
Crianças continuam fazendo travessia em boia para chegar à escola — Foto: Reprodução/TV Clube
Outra dificuldade é a situação da estrada que é de terra batida e quando chove forte o micro-ônibus não consegue passar. No começo desde mês, os estudantes perderam muitas aulas porque a van não conseguiu passar pela lama.
A estudante Carmem Célia, que não sabe nadar, conta todos os dias com ajuda do pai para chegar ao outro lado do rio. "Eu acho uma situação bem triste para nós, termos que enfrentar esta situação todos os dias para poder ir à escola”, disse a jovem.
Francisca de Sousa, mãe da pequena Mariana, admite que quando a van passa, o perigo para a filha é menor, no entanto, ela destaca que os moradores do povoado também necessitam se locomover e passam pelo rio.
Marcelo Silva é leiteiro, ele coloca a bicicleta e as mercadorias que vende, em cima da boia, e faz a travessia do rio. Edilson da Silva, ceramista, também diz que só consegue chegar ao trabalho passando pelo rio.
Crianças sobem em boia para atravessar o rio — Foto: Jefferson David/Arquivo pessoal
Dona Francisca Maria Barbosa é outra que se sente obrigada em passar pelo rio desta forma e lamenta o descaso das autoridades. “Eu tenho muita fé em Deus. Passo o rio confiante. Eles só vão fazer alguma coisa no dia que morrer muitas crianças”, declarou.
O prefeito Ribinha afirmou que buscou por várias vezes parcerias para a construção da ponte orçada em R$1,5 milhão, mas diz que sozinho não tem condições de resolver o problema. "Nós não temos condições de custear uma obra deste valor. Lamentavelmente, porque se tivéssemos já teríamos feito", disse o prefeito.
A Secretaria de Transportes do Estado disse que não existe processo para a obra no momento.
Fonte: G1 PI