Ele aborda as vítimas com um "boa noite" ou "bom dia", tenta se aproximar dizendo que é um amigo e pergunta: "como você está?". Assim é a abordagem feita via WhatsApp por um suspeito de estuprar pelo menos 12 crianças, adolescentes e jovens de um mesmo bairro em Teresina. Elas têm entre 11 e 22 anos, e a maioria estuda na mesma escola.
A Polícia Civil do Piauí abriu inquérito e investiga a violência sexual e ameaças de morte contra 10 adolescentes e duas jovens. O suspeito exigia fotos nuas das meninas em mensagens pelo Whatsapp e em caso de não ser atendido, ele o ameaçava de estupra-las na escola e matar as vítimas e os pais delas.
Uma das vítimas, de 18 anos, conta que a primeira abordagem do estuprador foi em 19 de outubro do ano passado.
"Ele dizia que era um amigo, pedia fotos, eu disse que não iria mandar, então ele ameaçava de me estuprar, me matar e que eu podia avisar para a família".
Até então, a vítima achava que se passava de uma brincadeira. "Eu fiquei com medo quando ele passou a chamar pelo meu nome e dizer o nome de minha escola e estava me observando", conta a vítima.
Ela disse que contou para a mãe as ameaças e o suspeito chegou a enviar fotos de outras vítimas nuas para ela em poses constrangedoras. "Ele me encaminhou fotos de três garotas nuas, duas eu conhecia e era da minha escola. Ele dizia que as meninas tinham encaminhado para ele e era para eu encaminhar do mesmo jeito. Todo mundo ficou apavorado", disse a vítima.
A zeladora de 27 anos, mãe de outra vítima, revelou que sua filha de 11 anos estava usando a rede social há 15 dias quando recebeu a primeira mensagem em outubro do ano passado. "Ele sabia o nome dela, perguntou quantos anos ela tinha e só queria se fosse fotos peladas. Ele dizia na mensagem: 'vou agarrar você na sua escola, estuprar, matar. Você vai ser a sexta vítima". A mãe confirmou que a filha recebeu imagens de garotas nuas e por medo ela deixou de frequentar a escola por uma semana.
Delegado Odilo Sena / Foto: Yala Sena
Dados de celulares furtados
O delegado Odilo Sena, titular do 21º DP em Teresina, informou que o suspeito usa agenda telefônica de celulares furtados. A investigação aponta que os alvos são crianças e adolescentes, ele exige fotos nuas e chega a enviar imagens pornográficas para as vítimas.
"Algumas vítimas ficaram assustadas, não sabiam se defender e enviaram fotos para ele que saiu espalhando fotografia de crianças nuas e fazia vídeos chamadas se masturbando", contou o delegado.
Ele informou que há indícios de que o criminoso fez vítimas no Maranhão, Brasília, Mato Grosso e Rio de Janeiro.
A lei
Mesmo não tendo contato físico, com abordagem virtual, o crime de estupro se configura. O Código Penal Brasileiro em seu artigo 213, na Lei nº 12.015, de 2009, determina como estupro "constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso".
Até agora ninguém foi preso. O delegado deu palestra na escola das vítimas para acalmar os pais e recomendou que a família converse e acompanhe o que os filhos estão fazendo na rede social.
Yala Sena
yalasena@cidadeverde.com