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23/07/2020

"Foram 16 dias de choro", diz engenheiro que foi condenado por engano no Piauí

Reprodução 

"Foram 16 dias de choro". Esse é o desabafo do engenheiro mecânico Daniel dos Santos que foi preso em São Paulo após ser condenado,por engano em um crime de roubo no Piauí, estado que ele afirma que nunca veio e apresentou provas à Justiça. O erro teria ocorrido porque o verdadeiro acusado teria clonado os documentos de Daniel e apresentado no momento da prisão em 2010. 

"Os policiais foram na minha casa [...] fiquei sem chão, sem saber o que estava acontecendo, comecei a explicar que tinha um boletim de ocorrência porque tinham clonado meus documentos em 2010. Aí disseram para eu acompanhá-los até à delegacia e fui porque não tinha motivo para me preocupar, não devo nada, não tinha por que esquentar a cabeça", disse o engenheiro.

"No caminho eles falaram: rapaz, você não está entendendo. Você não está sendo acusado, você está condenado a 5 anos e quatro meses. Aí meu desespero aumentou. Eu falei que nunca tinha ido ao Piauí, mas eu achava que era só apresentar a documentação e seria liberado", completou Santos. 

Após ter três habeas corpus negados, Daniel dos Santos passou 16 dias preso em São Paulo e só foi liberado após o desembargador Edvaldo Pereira Moura, do Tribunal de Justiça do Piauí, reconhecer a possibilidade do erro e suspender os efeitos penais e extra penais da condenação até julgamento final da revisão criminal.

"Foram três habeas corpus negados e perdi totalmente a fé na Justiça porque eles sequer leram meu caso, sequer olharam meu caso. Simplesmente negaram e era um empurrando para o outro. Foram 16 dias de choro", disse engenheiro mecânico. 

Ele conta que, diante do desespero por ter sido preso injustamente, recebeu apoio até dos presos.

"Eles diziam que estavam lá porque deviam e estavam com dó de mim porque eu era inocente", relembra o engenheiro que desabafou sobre os dias na prisão.

"Sou de família humilde, mas meu pai e minha mãe sempre me ensinaram a caminhar no caminho certo, andar de cabeça erguida e nunca tirar nada de ninguém. O que mais tinha medo era da Justiça insistir que eu tinha que continuar preso. Meu maior desespero foi quando vi meu nome fichado e me entregaram a matrícula", disse o engenheiro

Ele diz que, apesar do desespero e sofrimento, conseguiu tirar uma lição de vida. 

"Existe o mal, mas existe o bem também. Existe o pessoal família que brigou por mim, gente que nem me conhecia brigou por mim, foi atrás, correu e me ajudou a sair dessa. Deus me deu vitória. Só tenho a agradecer às pessoas que lutaram por mim, que acreditaram em mim porque sou inocente tenho toda a papelada. Só espero que limpem meu nome o mais rápido possível para eu andar de cabeça erguida porque ainda tenho restrições de horário, tenho que andar com o papel no bolso, não posso ir para a casa dos meus parentes porque é um pouquinho distante", desabafou. 

Mesmo diante de todo o transtorno, Daniel Santos diz que tem vontade de conhecer o Piauí.

"Quando eu saí, pensei que nunca fosse querer ir ao Piauí, mas comecei a ver minha família falando das pessoas que lutaram por mim e hoje é um lugar que tenho vontade de conhecer e agradecer pessoalmente. O pessoal no Piauí orfreceu até casa para minha família ficar se precisasse", disse o engenheiro. 


Graciane Sousa
gracianesousa@cidadeverde.com

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