Roberta Aline
O julgamento do ex-tenente do Exército, José Ricardo da Silva Neto, acusado de assassinar a estudante Iarla Lima Barbosa, em julho de 2017, teve início nesta quarta-feira (24) no Fórum Criminal de Teresina. O réu é responde por homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil e feminicídio, e pode pegar uma pena de até 30 anos de prisão.
A sessão de julgamento teve início por volta das 10h30 e é conduzida pelo juiz Antônio Noleto, da 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri da comarca de Teresina. O ex-tenente participa da audiência através de videoconferência direto de Recife (PE), onde mora atualmente.
Illana Lima Barbosa, irmã de Iarla , foi a primeira a depor no julgamento do ex-tenente. Durante seu relato, a irmã da vítima relembrou os momentos de terror que viveu no dia do crime.
"Ele mirou na minha cabeça. Eu que desviei. A arma estava tão perto que queimou meu rosto. Eu peguei 10 pontos", afirmou Illana Lima.
A irmã de Iarla disse que após o episódio não consegue mais confiar nas pessoas porque espera sempre o pior das pessoas. "Antes do crime, ele estava muito calmo. Por conta disso, espero sempre o lado ruim de todo mundo. Tenho medo das pessoas", afirmou Illana Lima.
Foto: Reprodução/Youtube - Julgamento é transmitido pela interne
Mãe pede justiça
A mãe de Iarla , Dulcinéia Lima, aguarda o início do julgamento sentada em uma cadeira em frente ao Fórum Criminal. Bastante emocionada, ela precisou ser amparada por uma equipe médica do Tribunal de Justiça porque passou mal.
“Sofrimento até o dia final dos meu dias. Mas hoje, com o julgamento, a gente tem a sensação de que vai aliviar. Eu desejo que ele seja punido”, afirmou.
Dulcinéia Lima disse ainda espera que o Tribunal do Júri determine a pena máxima para o ex-tenente. “Pela dor causada a mim e a muitas famílias que estão sofrendo. Não é que a gente deseje o mal, é um castigo [pra ele], igual quando a gente tem um filho que faz uma coisa e a gente põe de castigo para aprender”.
A mãe de Iarla afirmou que desde a morte da filha tem frequentado o túmulo da filha três vezes por semana. “Antes de vim pra cá eu fui lá”, completou Dulcinéia.
Para a mãe da vítima de Feminicidio, a parte mais difícil nesse tempo todo é ver a filha Ilana sofrendo e não poder fazer nada. “Eu não posso fazer mais nada. É esperar o dia que a gente for embora daqui também. Elas eram muito unidas”, relembrou.
Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com
Ao Cidadeverde.com, Jordy Mesquita, primo de Iarla, disse que a família espera justiça.“O mínimo que a gente pode ter agora é justiça, depois de praticamente cinco anos de espera. A gente clama por justiça”, ressaltou.
De acordo com o primo de Iarla, o momento mais difícil nos últimos quatro anos foi quando em que a família ficou frente a frente com o acusado. “A primeira audiência foi o momento mais difícil. Tanto para a gente, como também para Ilana, que esteve lá no momento do crime e presenciou tudo”, completou Jordy Mesquita.
Relembre o caso
O crime ocorreu na madrugada do dia 19 de junho de 2017, após o casal deixar um bar na avenida Nossa Senhora de Fátima. De acordo com a polícia, o ex-tenente fez os disparos contra a namorada dentro do carro, durante uma discussão. Iarla Barbosa morreu no banco da frente do veículo.
A irmã dela e uma amiga também foram atingidas e sobreviveram. Elas conseguiram fugir do carro.
O oficial temporário do 2º Batalhão de Engenharia e Construção (2º BEC) foi preso horas depois do crime no apartamento que residia, no bairro Santa Isabel, zona Leste de Teresina, ferido. Ele também efetuou um disparo na própria coxa.
Flash Nataniel Lima
redacao@cidadeverde.com