Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
O promotor de justiça, Regis Marinho, ofereceu nesta terça-feira (22), denúncia contra o empresário João Paulo de Carvalho, além de seu tio e primo acusados de torturar e matar dois adolescentes encontrados na estrada de União. O tio e o primo – os advogados Francisco das Chagas Sousa e Guilherme de Carvalho Gonçalves – foram denunciados por duplo homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado qualificado dos adolescentes Luian Ribeiro de Oliveira, 16 anos, e Anael Natan Colins, 17 anos. A motivação do crime foi por vingança.
Na denúncia, o MP informa que há indícios suficientes de autoria e provas dos crimes e requer ao Tribunal do Júri da Comarca de Teresina, que os presos sejam citados para responderem à acusação, por escrito, no prazo de dez dias, e que também sejam intimados, para as demais audiências e atos processuais, os informantes e testemunhas do caso.
Ainda na denúncia, o Ministério Público detalha os passos dos adolescentes no dia 12 de novembro e como o crime teria sido praticado. O documento relata que após os jovens não conseguirem entrar na festa que ocorria no terreno do lado do sítio de Francisco das Chagas, eles foram flagrados pelo advogado e questionados sobre a presença deles na propriedade.
"[...] as vítimas resolveram percorrer a lateral do muro do estabelecimento (adentrando ao enorme terreno vizinho) para, na parte mais baixa desse, transpassar para a residência onde ocorria a festa. Enquanto faziam esse trajeto, as vítimas foram abordadas por Francisco das Chagas Sousa, proprietário do imóvel vizinho que, percebendo aquela movimentação (de dentro de sua residência, situada na parte mais ao fundo do terreno), questionou a presença dos menores no local"
A denúncia esclarece que nesse momento, Francisco das Chagas com auxílio do filho, Guilherme de Carvalho teria dominado e açoitado os adolescentes.
"[...] àquela altura, Francisco, com o auxílio do seu filho Guilherme de Carvalho Gonçalves Sousa, dominaram e açoitaram os menores, não se podendo confirmar se, nesse momento, Francisco Ou Guilherme faziam uso de arma de fogo”
No texto, o MP informa o momento em que o empresário João Paulo chegou ao imóvel e a participação do empresário no crime.
"[...] João Paulo, que deixou o seu veículo na entrada do imóvel, dirigiu-se ao local onde os adolescentes já se encontravam dominados João Paulo, então, passou a auxiliar na imobilização dos menores, utilizando uma fita, que transportava em seu veículo, para amarrar as mãos desses atrás das costas, ao tempo em que notou o fato de Guilherme agredir os menores quando esses tentavam argumentar com seus algozes, chegando a desarticular a mandíbula de Luian”
Na denúncia, o Ministério Publico informa que o autor dos disparos contra os adolescentes teria sido Guilherme de Carvalho, mas que a arma pertencia a João Paulo de Carvalho.
"[...] momento em que deixam o imóvel onde mantinham os menores em cárcere privado, até a execução dos disparos contra as vítimas, aferiu-se que a arma de fogo utilizada era de propriedade de João Paulo e estava no porta-luvas de seu carro, de modo que, quando interrogados, ambos afirmaram que Guilherme teria sido o autor dos disparos”
Ainda de acordo com o texto, o Ministério Público também faz o requerimento do valor de R$ 100 mil reais, em favor aos familiares dos adolescentes, como reparação dos danos causados pelo crime.
Presos há 22 dias
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) cumpriu no dia 8 de fevereiro, os mandados de prisão preventiva contra João Paulo de Carvalho, Guilherme de Carvalho Gonçalves e Francisco das Chagas Sousa.
O empresário, tio e primo, são suspeitos de torturar e matar Luian Ribeiro de Oliveira, 16 anos, e Anael Natan Colins, 17 anos, que saíram para uma festa e estavam desparecidos. Os corpos foram encontrados em novembro do ano passado dois dias após o desaparecimento.
Segundo o DHPP, os três deverão responder pelos crimes de cárcere privado, tortura, duplo homicídio e fraude processual.
Sobre a dinâmica do homicídio, o coordenador-geral do DHPP, o delegado Francisco Baretta, relatou que os adolescentes foram torturados, espancados e depois mortos após serem flagrados no sítio do advogado Francisco das Chagas, tentando adentrar em uma festa no sítio do lado. No carro do empresário João Paulo, também foram encontradas manchas de sangue.
Entenda o caso
Os dois jovens haviam desaparecido após uma festa, realizada no dia 12 de novembro de 2021 em um sítio próximo à Ladeira do Uruguai, na zona Leste de Teresina. Depois de dois dias de buscas, os corpos dos adolescentes foram encontrados em um matagal às margens da PI-112, rodovia que liga a capital ao município de União.
Rebeca Lima
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