16/03/2022

PM usa balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes na Prefeitura de Teresina

Grupos de servidores municipais e movimentos por moradia se encontraram diante da prefeitura e tentaram entrar no prédio. Houve confronto.

PM usa balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes na Prefeitura de Teresina — Foto: Reprodução

Policiais Militares usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta contra manifestantes - incluindo crianças - diante da Prefeitura de Teresina, nesta terça-feira (15). Professores da rede municipal, militantes de movimentos por moradia e outros grupos faziam atos diante do Palácio da Cidade quando o confronto iniciou.

Vídeos (veja) mostram o momento em que os manifestantes protestavam diante do prédio e tentaram entrar no local. Do lado de dentro, policiais que fazem a segurança da Prefeitura seguraram as portas. É possível ouvir sons de disparos e muita fumaça para dispersar os manifestantes.

Liderança do movimento por moradia, Nádia Oliveira disse ao g1 que mora em uma ocupação com um mandado de despejo e que busca uma audiência com o prefeito para que ele possa regularizar a situação das pessoas sem moradia, que vivem em ocupações.

“É um direito garantido pela constituição, mas a gente está com um mandato de despejo. Para onde eu vou com meu filho? E não penso só em mim, mas muitos que estão em ocupações. A gente precisa de uma regularização, então procuramos a prefeitura”, relatou Nádia.

Manifestante mostra bala de borracha disparada contra grupo diante da Prefeitura de Teresina — Foto: Lucas Marreiros/g1

A militante afirmou que o movimento é pacífico e que chegou a ter um retorno da prefeitura de que alguns representantes seriam recebidos pelo prefeito.

“Mas não foi isso que aconteceu. Eles começaram a jogar spray de pimenta, bomba, inclusive uma grávida saiu daqui em uma ambulância depois disso”, contou.

Nádia Oliveira, liderança de movimento por moradia em Teresina — Foto: Lucas Marreiros/g1

“Nós não somos bandidos. Somos pais de família em busca dos nossos direitos. E vamos aguardar uma resposta, se for preciso a gente dorme aqui, se for preciso a gente acampa, a gente só sai daqui como uma resposta, que é o que a gente vem buscar”, declarou Nádia.

Medo de despejos
A reivindicação dos manifestantes também tem relação com a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que se transformou em lei, de que não deve haver despejo no período da pandemia.

“A força dessa determinação acaba agora no final desse mês. Então as comunidades que estão com liminar de reintegração de posse, temem que os despejos possam acontecer a qualquer momento, depois do dia trinta”, explicou a professora Lucineide Barros, que apoia o movimento por moradia.

De acordo com a professora, a intenção é pedir que o prefeito interceda junto ao Judiciário sobre essas ocupações, alegando interesse social, para moradia nessas áreas, e, assim evitar os despejos

“Se o poder judiciário ouvir o poder executivo dizendo que tem interesse em regularizar essas áreas, eles vão fazer despejo para quê? Essa é a reivindicação que o pessoal trouxe. Mas tem que falar com o chefe do executivo. Já foram feitos pedidos de audiência, o prefeito não dá resposta nenhuma e as pessoas estão vendo o prazo acabar”, afirmou Lucineide.

O movimento afirmou que existem pelo menos 15 áreas de ocupação na capital. “Tem áreas maiores, menores, antigas e recentes. A situação de Teresina é muito crítica em relação a ocupações, praticamente toda a periferia de Teresina está em situação de moradia dita irregular”, disse a professora.

Protesto dos professores
Manifestantes ficaram a alguns metros da Prefeitura de Teresina após o tumulto — Foto: Lucas Marreiros/g1

Sinésio Soares, presidente do sindicato dos servidores municipais, informou que uma professora chegou a desmaiar e outros dois foram atingidos por tiros de balas de borracha, mas ninguém ficou ferido.

"Tinha crianças, tinha oito crianças aqui também, então foi uma irresponsabilidade muito grande e nós estamos convocando todo mundo para uma assembleia geral amanhã de todos os servidores municipais para a gente fazer uma manifestação aqui. Nós estamos em 2022, não estamos mais é nesse tempo truculência que foi apresentada aqui com o pelotão de choque atirando na gente enquanto a gente queria somente uma negociação", declarou.

Sinésio Soares, presidente do sindicato dos servidores municipais de Teresina (Sindserm) — Foto: Lucas Marreiros/g1

O grupo tentava entrar na sede do executivo para conseguir falar com o prefeito Dr. Pessoa (MDB) sobre as reivindicações das categorias. Os professores pedem reajuste linear de 33% nos salários e estão em greve há mais de um mês.

Ainda não há detalhes sobre os pedidos dos demais grupos, que faziam manifestação por mais moradias.

Policiais militares e guardas civis ficaram de guarda diante da prefeitura após tumulto — Foto: Lucas Marreiros/g1

Minutos depois, os grupos dispersaram. Os manifestantes estão impedidos de ficar diante da prefeitura. Policiais militares e guardas civis municipais formaram um cordão humano para impedir a passagem deles.

Segundo a prefeitura, comissões com representantes dos manifestantes serão recebidos. Lucas Pereira, secretário de comunicação, informou que os grupos quebraram uma das portas de entrada da prefeitura e, por isso, a polícia interveio.

Porta da Prefeitura de Teresina ficou danificada após tumulto — Foto: Lucas Marreiros/g1

Ele afirmou ainda que a prefeitura vai conceder reajuste aos professores, mas o grupo contesta o percentual oferecido, que não atenderia ao determinado na lei nacional do piso do magistério.

Quanto à reivindicação por moradias, o secretário informou que há terrenos públicos que passarão por regularização fundiária e serão destinados à construção de moradias populares. Muitas pessoas tiveram que deixar suas casas na capital devido às fortes chuvas que atingiram vários bairros.

Choque da PM foi acionado após tumulto diante da Prefeitura de Teresina — Foto: Lucas Marreiros/g1

Fonte: Portal G1 PI

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