17/08/2022

IBGE inicia coleta de dados em comunidades quilombolas do Piauí

Fotos: Ascom/IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inicia nesta quarta-feira (17) o Censo Demográfico nas comunidades quilombolas do estado do Piauí.

Segundo o IBGE, no Piauí existem 215 localidades quilombolas, incluindo territórios oficialmente delimitados ou não, distribuídas em 73 municípios. Em todo o país, são 5.972 localidades, em 1.672 municípios de 24 estados e do Distrito Federal. Essa é a primeira vez que as comunidades serão retratadas no Censo.

Neste ano, pela primeira vez o recenseamento possibilitará a autoidentificação como quilombola. Com isso, será possível conhecer em detalhe as condições atuais de vida dessa população e identificar aspectos que precisam melhorar em cada comunidade.

A primeira comunidade que vai ser visitada no Piauí é o Quilombo Mimbó, na BR 343, na zona Rural de Amarante, que existe há 203 anos. Atualmente a comunidade possui cinco ruas, com várias casas simples. O local ainda possui uma escola, que atende crianças até o 5º ano do Ensino Fundamental, e um posto de saúde em funcionamento. Os moradores têm acesso à energia elétrica, água e internet.

Idelzuíta Paixão, liderança local, afirmou que após 153 anos da abolição da escravatura no Brasil, os descendentes ainda enfrentam várias dificuldades, mas que hoje já conseguiram algumas conquistas, como levar educação para os moradores da região.

“Hoje, quase todo mundo da comunidade está fazendo faculdade, para que não precisemos buscar ninguém lá fora para trabalhar aqui”, celebrou Idelzuíta. “Queremos professores daqui mesmo, porque assim temos como repassar para as crianças como é a vida e a cultura do povo negro”, disse.

Ela acredita que o recenseamento com a possibilidade de autoidentifcação quilombola é uma novidade positiva. “É uma novidade muito boa, que a gente não esperava. Cada vez mais, coisas melhores estão entrando na nossa comunidade e a gente se orgulha disso”, destacou.

Comunidade Quilombo Mimbó
Idelzuíta conta que seus antepassados chegaram à região fugindo do sistema escravagista ao qual estavam submetidos em Pernambuco. Eram dois casais negros, que decidiram se estabelecer em uma caverna encontrada no local.

“Eles passaram mais de 25 anos na caverna. Aí quando eles viram que não seriam mais procurados pelos brancos, fizeram casinhas de palha na beira do riacho Mimbó”, relatou.

Por muitos anos, a comunidade viveu isolada às margens do Mimbó, mas os moradores sofriam muito com as cheias. Em 1973, decidiram se estabelecer na serra, próxima ao riacho, onde vivem até hoje.

Da Redação
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