Foto: Roberta Aline/Cidadeverde.com
O juiz Antônio do Reis Nollêto, da 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri, adiou novamente o julgamento do ex-soldado da PM do Maranhão, Francisco Ribeiro dos Santos Filho, que é acusado de matar o cabo Samuel Borges, de 30 anos, na frente do filho da vítima, em 2019. O julgamento deveria ocorrer nesta terça-feira (23) e agora será realizado em 28 de setembro deste ano.
Essa é a quarta vez que o julgamento foi adiado. Ele deveria ter ocorrido inicialmente em outubro de 2021, mas foi adiado a pedido da defesa do ex-policial. Depois foi designado para 30 de março e depois para 31 de maio deste ano. Agora deveria ter ocorrido nesta terça-feira, 23 de agosto, mas foi novamente adiado.
Dessa vez a defesa alegou que o advogado do réu, Francisco da Silva Filho, não iria poder comparecer, pois está com Chikungunya. Também foram apresentados documentos médicos para atestar a doença.
O Ministério Público se manifestou contra o adiamento, afirmando que o documento diz apenas a um advogado, sendo que defesa do réu é composta por sete advogados.
Na decisão, o juiz Antônio Nollêto afirmou que o acusado teria apenas Francisco Filho como seu procurador, e que os demais são assistentes de acusação, por isso decidiu pelo adiamento para o próximo dia 28 de setembro, às 8h30.
O crime
O crime aconteceu no dia 1º de fevereiro de 2019, quando o cabo da Polícia Militar do Piauí, Samuel de Sousa Borges, de 30 anos, estava indo deixar o filho em uma escola, quando se deparou com Francisco Ribeiro que estava em uma motocicleta sem placa e com duas armas.
Foto: Arquivo Pessoal
Segundo investigação realizada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Samuel decidiu seguir o suspeito, e fez três abordagens. Em uma delas chegou a questionar se Francisco Ribeiro era policial, mas o homem afirmou que “não devia satisfação a Samuel”. Todas as abordagens foram filmadas pelo policial.
No cruzamento das ruas Cândido Ferraz com Verbenas, bairro Jóquei Clube, zona Leste, os dois homens tiveram uma discussão. Samuel chegou a pegar o celular e filmou toda a situação. Francisco então fez três disparos contra o policial, que não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O filho da vítima foi socorrido por funcionários de uma escola próximo ao local da ocorrência.
"Ele filmou tudo, narrou tudo.... disse que estava fazendo a abordagem porque viu um cara em uma moto grande, sem placa e com o volume nas costas. Ele estava de folga, mas agiu como diz a lei, pois viu um sujeito que poderia ser um criminoso. O Samuel era um policial vocacionado, foi profissional até na morte. A filmagem mostra que Samuel não fez menção nenhuma de sacar a arma", disse o delegado Francisco Barêtta na ocasião das investigações.
Logo após o crime, Francisco Ribeiro foi preso e identificado como um soldado lotado no 11º Batalhão da PM de Timon, no Maranhão.
Durante as investigações, a polícia descobriu que da arma do policial maranhense também partiram os tiros que mataram outras três pessoas. Um caso é de dezembro de 2018, onde ocorreu um duplo homicídio nas proximidades do parque Zoobotânico, e em agosto de 2018 outra pessoa foi assassinada na praça do bairro Pedra Mole, também na zona Leste. Nos dois crimes, os tiros partiram da arma de Francisco Ribeiro dos Santos, que responde a três processos por homicídio na Justiça do Piauí.
Em maio de 2021, Francisco Ribeiro foi expulso dos quadros da Polícia Militar do Maranhão.
Bárbara Rodrigues
redacao@cidadeverde.com