Conforme levantamento exclusivo do g1, Piauí foi um dos oito estados com aumento de mortes violentas, em comparação com o 1º semestre de 2021, situação recorrente no estado. Restante do país teve queda.
Homicídio em Teresina, com presença da Polícia Civil do Piauí e Polícia Militar do Piauí — Foto: Lívia Ferreira/g1 PI
Com 373 assassinatos no primeiro semestre de 2022, o Piauí foi um dos oito estados que registraram aumento no total de mortes violentas, de acordo com o Monitor da Violência, criado pelo g1. Esta não é a primeira vez que o estado aparece na contramão do país, que tem registrado sucessivas reduções nos índices de homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.
O crescimento de 7,2% no Piauí foi registrado em comparação com os primeiros seis meses de 2021, quando foram registrados 348 crimes violentos. No Brasil, os índices estão em queda desde 2021.
O levantamento exclusivo, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Apesar disso, em um cenário nacional e local, autoridades da segurança pública e estudiosos do tema destacam a atuação de facções criminosas como um dos fatores relevantes para os dados. Tanto na redução quanto no aumento de mortes violentas.
"Mercados criminosos equilibrados, com competidores que aprenderam a conviver entre si ou que descobriram formas de regulamentar a relação entre eles, tendem a reduzir o total de conflitos fatais", diz Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP).
Por outro lado, em estados como o Piauí, conforme avaliação do secretário de segurança Pública do estado, Rubens Pereira, as facções ainda estão buscando dominar territórios, o que implica em uma "disparada" de assassinatos.
"Os homicídios derivam dessa disputa de organizações criminosas, então o foco é prender as lideranças, que mandam matar", disse ele em maio de 2022, ao informar que o estado pretendia implantar uma força tarefa de combate a facções criminosas.
Nesta quinta-feira (25), o secretário afirmou, em entrevista à TV Clube, que a Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) trabalha para inibir as ações desses grupos criminosos.
"Não há um dia que a Polícia Civil e a Militar não estejam atuando para fazer prisões em flagrantes ou cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão. Estamos verificando também quais áreas precisamos intensificar o policiamento", afirmou Rubens Pereira.
Crescimento recorrente no estado
Esta não é a primeira vez que o estado registra aumento nas mortes violentas, mesmo com a tendência de queda em todo o país. Em 2021, o Piauí teve o 3º maior crescimento de crimes violentos, na comparação com o ano de 2020. Em todo o Brasil, apenas sete estados tiveram crescimento no índice. No Piauí, o aumento foi de 11%.
Em números totais, foram 780 vítimas desses crimes em 2021, o que representa duas vidas tiradas por dia no estado. Em 2020, foram cerca de 80 mortes a menos.
Mês mais violento
O mês de abril chegou a registrar 86 mortes sendo 84 homicídios, um latrocínio e uma lesão corporal grave seguida de morte. Foi o mês mais violento do primeiro semestre.
Em janeiro, foram 51 mortes, o mês seguinte teve 53 assassinatos e houve 61 em março. Em abril foram quase três homicídios por dia, maio apresentou uma leve queda para 73 mortes e junho foi o mês menos violento do semestre anterior, com 49 mortes violentas.
No ano passado, em janeiro, foram registrados 56 homicídios, 52 em fevereiro, 43 em março, 68 em abril, 71 em maio e 58 em junho.
Mortes violentas pelo Brasil
Os outros estados com aumento foram: Rondônia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Minas Gerais. No Nordeste, a média apresentou queda de 4,7 impulsionada pela redução nos estados do Ceará, Maranhão, Rio de Janeiro e Sergipe.
O levantamento, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Fonte: G1 PI