11/10/2023

Piauí e Bahia lideram em número de empregadores na Lista Suja do Trabalho Escravo no Nordeste

Dentre os citados na lista estão pedreiras, construtoras, fazendas, fábricas e áreas de extração de carnaúba.

Homens resgatados de situação semelhante a trabalho escravo em plantação de milho — Foto: Ministério do Trabalho/Divulgação

O Piauí e a Bahia dividem o primeiro lugar do Nordeste em número de empregadores que submeteram pessoas a condições análogas à de escravidão, segundo a Lista Suja do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), atualizada neste mês de outubro. Veja os nomes ao fim da reportagem.

Os estados tiveram 14 novos nomes adicionados à lista, ficando, ambos, em 4º lugar em relação a todos os demais estados brasileiros, atrás somente do Pará (17), São Paulo (32) e Minas Gerais (37). A lista nacional teve sua maior atualização da história, com 204 nomes adicionados.

No Nordeste, os estados ficaram à frente do Maranhão (13), Ceará (5), Pernambuco (4), Rio Grande do Norte (3), Alagoas (3), Paraíba (2) e Sergipe (2). No total, o Piauí chegou a 31 patrões condenados pela prática, sendo quatro deles reincidentes.

Isso porque o levantamento é atualizado duas vezes no ano. A primeira atualização de 2023 foi em abril, quando o Piauí ocupou o 3º lugar do Brasil em número de empregadores na Lista.

Os nomes só são adicionados ao cadastro após a conclusão do processo administrativo que julgou o caso, com uma decisão sem possibilidade de recurso. E retirados em caso de novas decisões judiciais ou por completarem o período de dois anos. No caso do Piauí, um nome deixou de compor a lista.

Resgates de trabalhadores
Trabalhadores resgatados faziam as refeições no chão, no meio do mato — Foto: Ascom MPT

No fim de setembro, 17 trabalhadores foram resgatados em Castelo do Piauí, a 190 km de Teresina. Eles estavam atuando em uma cadeia produtiva da carnaúba, sem instalações sanitárias adequadas.

No local, a cozinha era usada como dormitório, as refeições armazenadas em baldes e os trabalhadores comiam no chão, no meio do mato.

No mês anterior, agosto, um grupo de 31 trabalhadores foi resgatado em uma propriedade localizada na zona rural de Nazária, a 34 km da capital. Entre eles, havia um adolescente.

Até o momento, pouco mais de 140 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à de escravidão no Piauí, neste ano.

Onde estão esses estabelecimentos
A maioria dos empregadores que aparecem na lista são de zonas rurais. Segundo a Divisão de Fiscalização para a Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), essa é uma confirmação de que o campo lidera os casos de trabalho análogo à escravidão.

Em abril, os estabelecimentos estavam localizados em 19 municípios piauienses. Com a atualização, 26 cidades têm locais de trabalho citados na lista. Elas são: Barras, Flores do Piauí, Canto do Buriti, Castelo do Piauí, São José do Peixe, São João da Serra, Cristino Castro, Marcolândia, Itaueira...

... Isaías Coelho, Batalha, Campo Maior, Altos, Jatobá do Piauí, Currais, Antônio Almeida, Amarante, Santa Cruz do Piauí, Buriti dos Lopes, Alvorada do Gurguéia, Piracuruca, Monsenhor Gil, Parnaíba, Palmeira do Piauí, Colônia do Gurguéia e Patos do Piauí.

Saiba o que é trabalho escravo
Existe um canal específico para denúncias de trabalho análogo à escravidão: é o Sistema Ipê, disponível pela internet. O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema e inserir o maior número possível de informações.

A ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante, analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão e realizar as verificações in loco.

Fonte: Portal G1 PI

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