Homens ameaçavam, por meio de mensagens e ligações, as vítimas e seus familiares, naturais de Avelino Lopes, onde uma série de crimes violentos aconteceu este ano. Um dos criminosos já está preso, enquanto os outros dois estão foragidos.
Viatura da Polícia Civil do Piauí — Foto: Andrê Nascimento/g1
Três homens foram condenados, no domingo (2), por extorquirem R$ 370 mil de dois empresários de Avelino Lopes, a 789 km de Teresina. O trio dizia pertencer a uma facção criminosa de São Paulo com atuação na cidade e ameaçava as vítimas e seus familiares.
Na decisão do juiz Washington Luiz Gonçalves Correia, titular da 7ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, os três homens foram considerados culpados pelos crimes de extorsão e associação criminosa. Nenhum deles poderá recorrer em liberdade.
As penas fixadas para cada um são:
Bruno Gonçalves Sousa (autor intelectual dos crimes): 13 anos, três meses e cinco dias de reclusão;
James Pereira de Santana: 11 anos, quatro meses e 13 dias de reclusão;
Kaique César Aparecido dos Santos: 11 anos, quatro meses e 13 dias de reclusão.
Além das penas, os três devem pagar uma indenização de R$ 370 mil (mesmo valor extorquido) para as vítimas. Bruno Gonçalves, como autor intelectual dos crimes, pagará quase 80% da quantia.
O g1 procurou a defesa dos acusados, que afirmou que irá recorrer da sentença, pois entende que há "pontos relevantes não analisados". Veja a íntegra da manifestação ao fim da matéria.
James Pereira está preso preventivamente, desde novembro de 2023, em São Paulo. Bruno e Kaique, porém, estão foragidos e devem ter seus mandados de prisão cumpridos pela Polícia Civil.
Como funcionava a extorsão?
O primeiro contato dos homens com um dos empresários aconteceu em 14 de março de 2024. A vítima estava em Teresina, onde reside, quando recebeu mensagens e ligações de um número de telefone cuja identificação fazia referência a uma facção criminosa.
Na conversa, um dos acusados afirmou que estava em Avelino Lopes, cidade natal da família da vítima e onde o empresário exerce atividades comerciais. O número de telefone desconhecido disse que “arrancaria as cabeças” dos pais e irmãos do empresário se este não fizesse transferências bancárias.
“Os três operavam em São Paulo e passavam características em tempo real sobre a família, rotina, cores de roupas que usavam. Provavelmente tinham informantes em Avelino Lopes”, contou um dos advogados dos empresários ao g1.
Entre seis e sete vezes, tanto a vítima quanto o irmão, também empresário, fizeram 20 transferências bancárias no valor total de R$ 370 mil aos autores. As ameaças e extorsões pararam apenas quando as vítimas denunciaram o caso à Polícia.
“Eles diziam que estavam fugindo de uma série de homicídios cometidos em Avelino Lopes, em que a facção a que diziam pertencer estava envolvida. Tudo isso robustecia o argumento deles”, acrescentou o advogado.
No julgamento, os três homens negaram a autoria dos crimes e deram versões diferentes dos relatos das vítimas e de outras testemunhas. A Justiça, porém, decidiu pela condenação deles, com penas somadas de 35 anos de prisão.
Confira o posicionamento da defesa dos acusados:
A defesa irá recorrer da sentença, pois, entende que houve pontos relevantes trazidos que não foram analisados, destacamos a ausência de cadeia de custódia da isolada prova com prints de conversas pelo aplicativo WhatsApp (com recente entendimento do STJ sobre a matéria) e que não é crível os autores utilizarem suas próprias contas bancárias para praticas de crimes deste tipo, geralmente, os autores, usam “laranjas” que não sabem a gravidade do crime que aqueles estão praticando. A nosso sentir, não há prova nos autos sobre a autoria do crime de extorsão que as vítimas sofreram.
Fonte: Portal G1 PI
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