Ao todo, nove pessoas de uma mesma família passaram mal e foram hospitalizadas na quarta (1º) após comerem peixes doados na noite anterior. Duas morreram e três receberam alta. Polícia ouve parentes e testemunhas e aguarda perícia.
Crianças com suspeita de envenenamento serão transferidas para Teresina — Foto: Luiz Gustavo Graça/TV Clube
Duas crianças de três e quatro anos, da família internada com suspeita de envenenamento, serão transferidas na tarde desta sexta-feira (3) para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT). Elas e outros dois familiares estão internados no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba, no litoral do Piauí. O transporte será feito por uma aeronave do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Ao todo, nove pessoas de uma mesma família passaram mal e foram hospitalizadas na última quarta-feira (1º) após comerem peixes doados na noite anterior. Duas morreram: um bebê de um ano e oito meses e um jovem de 18 anos. Outras três receberam alta: uma adolescente (irmã do jovem), uma mulher adulta e o padrasto do jovem, liberados na quinta-feira (2).
Em nota, o Heda informou que a terceira criança internada, de 11 anos, tem quadro de saúde estável e vai continuar em Parnaíba. Além dela, uma mulher de 32 anos, irmã do jovem morto, está recebendo cuidados intensivos e também vai permanecer no hospital. Segundo o Heda, o quadro de saúde dos internados é estável (saiba quem são as vítimas abaixo).
Polícia Civil recolhe peixes que família ganhou e depois comeu e passou mal no Piauí — Foto: Montagem/g1
O casal que entregou os peixes para a família foi ouvido na tarde de quinta pela Polícia Civil do Piauí (PCPI). Segundo o delegado Abimael Silva, eles fazem, todos os anos, um trabalho filantrópico no bairro da família. Eles doaram várias cestas básicas e cerca de 30 kg de peixe manjuba, mas somente os familiares passaram mal com os peixes.
Até a publicação desta reportagem, dez pessoas haviam prestado depoimento. A polícia também aguarda os resultados dos exames toxicológicos do Instituto Médico Legal (IML), que vão definir a causa da morte do jovem e do bebê, e as substâncias que estão no organismo das vítimas internadas.
Além disso, a perícia do IML vai determinar se havia substâncias tóxicas nos alimentos doados (saiba mais abaixo).
Quem são as vítimas?
Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, e Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses — Foto: Jornal Nacional/Arquivo pessoal
Ao todo, nove pessoas da mesma família passaram mal. Elas são:
- Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco de Assis, morto);
- Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria, morto);
- Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Igno Davi e irmã de Manoel, internada);
- Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos (padrasto de Manoel, recebeu alta);
- Três crianças de 11, quatro e três anos (duas meninas e um menino, internados);
- Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) e uma mulher adulta de 32 anos, que receberam alta.
Entenda o caso
Um bebê de 1 ano e 8 meses e um jovem de 18 anos morreram com suspeita de envenenamento em Parnaíba, no litoral do Piauí. Além deles, outros sete familiares passaram mal e foram hospitalizados após comerem peixes doados na noite de Réveillon e um arroz preparado pela própria família e requentado no primeiro dia de 2025.
Dos familiares hospitalizados, dois receberam alta (uma adolescente e uma mulher adulta) e os outros cinco continuam internados (três crianças e dois adultos). Uma das internadas é a mãe de dois meninos que morreram envenenados com caju, na mesma cidade, em agosto de 2024. A suspeita desse crime está presa.
Um casal ainda não identificado, conhecido por fazer doações de cestas básicas todos os anos, entregou o peixe manjuba para a família. Segundo a Polícia Civil, eles doaram cerca de 30 kg de peixe, mas somente os familiares passaram mal.
O médico Carlos Teixeira, diretor clínico do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), onde a família está internada, afirmou que eles apresentaram frequência cardíaca baixa, sudorese (produção de suor) e temperatura elevada.
O perito-geral do Departamento de Polícia Científica do Piauí, Antônio Nunes, também apontou que os pacientes tiveram sintomas típicos de intoxicação por veneno, como cólicas, diarreia, falta de ar e tremores.
Exames periciais feitos pelo IML vão determinar se havia substâncias tóxicas na comida e quais as substâncias presentes nos organismos das vítimas.
Jovem morre com suspeita de envenenamento; mais 8 familiares foram hospitalizados — Foto: Reprodução/Redes Sociais.
Fonte: G1/PI