23/01/2025

Mulher que passou mal em casa de família morta por envenenamento teve sintomas de infarto

De acordo com informações de socorristas, Maria Jocilene conversava com Maria dos Aflitos sobre a morte de Maria Gabriele Fonteneles Lopes Silva, de apenas 4 anos.

O caso aconteceu no conjunto Dom Rufino, bairro Primavera, em Parnaíba | Reprodução/Redes sociais

Maria Jocilene da Silva, de 41 anos, foi internada na manhã desta quarta-feira (22) por suspeita de infarto, conforme apurado pelo jornalista Carlos Mesquita. A mulher passou mal enquanto estava na casa de Maria dos Aflitos, no conjunto Dom Rufino, bairro Primavera, em Parnaíba, onde, no dia 1º de janeiro, ocorreu um envenenamento coletivo que matou cinco pessoas.

O QUE ACONTECEU

De acordo com informações de socorristas, Maria Jocilene conversava com Maria dos Aflitos sobre a morte de Maria Gabriele Fonteneles Lopes Silva, de apenas 4 anos, a quinta vítima do caso, quando começou a passar mal.

O SAMU foi acionado e, inicialmente, houve suspeita de um novo envenenamento, pois foi informado que duas mulheres estavam com os mesmos sintomas. No entanto, ao chegar ao local, apenas Maria Jocilene necessitou de atendimento.

Confirmação de infarto e investigação policial

Maria Jocilene foi levada ao Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), onde a equipe médica descartou envenenamento e confirmou sintomas de infarto, possivelmente causado pelo impacto emocional da notícia da morte da criança.

A polícia foi acionada e esteve na residência para investigar o caso, uma vez que a primeira suspeita era de um novo envenenamento. Maria dos Aflitos, que não consumiu o alimento contaminado em janeiro, foi levada à delegacia para prestar depoimento sobre a situação. Os vizinhos também foram interrogados, enquanto o local passou por uma nova inspeção.

FOI INTERNADA há 23 dias

No dia 1º de janeiro, Maria Jocilene e seu filho, de 11 anos, foram hospitalizados após consumirem arroz contaminado com terbufós, substância presente em venenos agrícolas. No mesmo episódio, cinco pessoas da mesma família perderam a vida.

MORTE de 5 pessoas

Maria Gabriele Fonteneles Lopes Silva, de 4 anos, faleceu às 19h50 da terça-feira (21) no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), após 21 dias internada em estado grave. Ela morreu após consumir arroz com terbufós, substância presente no veneno chumbinho.

O veneno já havia vitimado sua mãe, Francisca Maria da Silva, de 32 anos, que morreu no dia 7 de janeiro. Outros dois filhos de Francisca também perderam a vida: Lauane da Silva, de 3 anos, e Igno Davi da Silva, de apenas 1 ano e 8 meses. Além deles, Miguel dos Santos, de 18 anos, irmão de Francisca, também faleceu.

Lauane da Silva, de 3 anos, Igno Davi da Silva, 1 ano e 8 meses, Francisca Maria, de 32 anos, e Miguel dos Santos, de 18 anos (Foto: Divulgação)

O que aconteceu?

A família se reuniu para uma ceia de Ano Novo, onde consumiram peixe, feijão tropeiro e baião de dois – uma mistura de arroz e feijão. No dia seguinte, o restante do baião de dois foi servido, momento em que os integrantes da família começaram a passar mal.

Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso em Parnaíba no dia 8 de janeiro, apontado como o principal suspeito de envenenar as nove pessoas da família, incluindo ele mesmo. Segundo a Polícia Civil, a prisão preventiva foi decretada devido ao “total desprezo” demonstrado por Francisco em relação aos filhos de sua enteada Francisca Maria, além das contradições em seus depoimentos.

Francisco de Assis foi preso suspeito de colocar terbufós no arroz que a família consumiu (Foto: Reprodução)

A investigação

De acordo com as apurações, o baião de dois foi preparado na noite do dia 31 de dezembro, em uma panela grande, e deixado em cima do fogão. Todos consumiram o alimento no dia 1º de janeiro.

Na casa, além dos moradores, estavam presentes Maria Jocilene, de 32 anos (ex-nora de Maria dos Aflitos), e seu filho de 11 anos. Ao todo, nove pessoas foram atendidas com sintomas de intoxicação:

• Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 anos; (preso suspeito do crime)

• Manoel Leandro da Silva, 18 anos; (morreu no dia 1º de janeiro)

• Francisca Maria, 32 anos; (morreu no dia 7 de janeiro)

• Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses; (morreu no dia 2 de janeiro)

• Maria Lauane da Silva, de 3 anos; (morreu no dia 6 de janeiro)

• Maria Gabriele Fonteneles Lopes Silva, de 4 anos; (morreu no dia 21 de janeiro)

• Uma adolescente de 17 anos, filha de Maria dos Aflitos; (recebeu alta)

• Maria Jocilene, 32 anos (recebeu alta)

• Menino de 11 anos, filho de Maria Jocilene (recebeu alta)

A matriarca da família, Maria dos Aflitos, não participou do almoço, pois estava dormindo.

“O veneno utilizado, o terbufós, tem uma característica peculiar: seus sintomas começam a aparecer entre 30 minutos e uma hora após o consumo, e atingem o pico entre uma e quatro horas”, explicou o delegado Abimael Silva, responsável pelo caso.

Na coletiva de imprensa realizada em 8 de janeiro, o delegado relatou que Francisco foi o último a fechar a casa após a comemoração, e não houve registro de pessoas estranhas no local.

Durante os depoimentos, Francisco apresentou diferentes versões sobre o ocorrido e demonstrou comportamento hostil em relação à família de Francisca Maria.

“Ele deu mais de três versões do que aconteceu nesse intervalo. (…) Além de ter um desprezo completo pelos filhos da dona Francisca, aos quais ele chamou de primatas, viviam como uma tribo de índios, pessoas não higiênicas, pessoas que ele não queria conviver, mas suportava. Em específico para a dona Francisca Maria, ele disse que ela era uma criatura que tinha a mente boba, tola, matuta, morta de preguiça, não serve para nada, praticamente quase inútil”, declarou o delegado.

O laudo pericial

O Instituto de Medicina Legal (IML) confirmou que o veneno utilizado foi o terbufós, um inseticida altamente tóxico. A substância foi encontrada exclusivamente no baião de dois consumido pela família.

Inicialmente, a polícia investigou a possibilidade de o envenenamento ter sido causado por peixes doados à família, mas essa hipótese foi descartada após a perícia. O caso segue sendo tratado como homicídio qualificado.

Segundo caso de envenenamento na família

Em agosto de 2023, dois meninos, filhos de Francisca Maria, morreram após serem envenenados. João Miguel da Silva, de 7 anos, faleceu três dias após a ingestão da substância tóxica. Já Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, morreu após dois meses de internação no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

De acordo com as investigações, Lucélia Maria Gonçalves, vizinha das vítimas, foi apontada como suspeita do crime. A mulher estaria irritada com o fato de os meninos entrarem em seu quintal para pegar frutas. Lucélia foi presa e indiciada por homicídio qualificado.

Lucélia Maria, presa supeita do crime, foi solta após um laudo do IML (Foto: Meionews.com)

O Ministério Público do Piauí (MPPI) apresentou denúncia contra Lucélia com base nas acusações feitas pela polícia. Apesar de ter negado o crime, ela foi presa em flagrante e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça. Após um laudo indicar que não havia veneno nos cajus supostamente doados pela mulher às crianças, a suspeita foi solta em janeiro deste ano e agora aguarda a audiência de instrução, marcada para o dia 17 de março.

Fonte: Portal Meio News

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